A eterna carestia (28 de fevereiro de 1959)
O problema desafia os argutos, os estudiosos, os técnicos, os legisladores, as autoridades e o Govêrno, principalmente o Govêrno. Ninguém consegue deter a espiral gigantesca da carestia, assunto debatido, discutido e insolúvel, que classifica o Brasil na abjeta condição de um dos países da vida mais cara do mundo. Não existe orçamento doméstico capaz de suportar as despesas forçadas ordinárias de hoje em dia, isso, sem contar-se com gastos extraordinários e imprevisíveis. Todos os governantes, todos os legisladores, confessam-se alarmados com a carestia da vida. Nenhum, entretanto, conseguiu demonstrar pulso, apresentando uma ação ou pelo menos uma sugestão que viesse constituir-se num dique para estancar a roubalheira impiedosa que impera descaradamente por êstes brasis afóra. O poder civil está desmoralizado, fraco, desprestigiado neste setor. O poder militar inativo, sem ação igualmente, nesse sentido. Em consequência, o povo, o pobre e sacrificado povo brasileiro, continua a sofrer...