Existe muita coisa errada (31 de agosto de 1956)
Com seu peculiar estilo de escrever bonito e objetivamente, o nosso colaborador, reverendo Alvaro Simões, abordou em sua crônica de ontem um fato doloroso, ocorrido em Marília. Refletindo sobre o escrito em apreço, a gente acaba por convencer-se de uma por todas, que o homem de nossos dias atingiu o zênite do egoísmo pessoal, em todos os sentidos. Ou é um fenômeno natural do gênero humano, ou é um mal da maioria dos brasileiros. O fato é que existe muita coisa errada. Por exemplo, toda gente grita contra as circunstâncias de hoje em dia do nosso sofrivel “modus vivendi”. Mesmo os que dispõem de meios suficientes para uma subsistência folgada e para adquirir a qualquer preço o que comer, costuma chorar. Regra geral, a gente grita, chora, esperneia, esbraveja, mesmo com a barriga cheia. E aqueles que desfrutam dessa situação privilegiada, pouco se importam que seus semelhantes morram de fome, pereçam de frio. Enquanto uns se banqueteiam, outros mendigam um resto de comida para o alimento...