Sinal dos Tempos? (22 de agosto de 1956)

Ao que parece, Marília jamais viveu um drama como o presente. Jamais tivemos tantos desempregados na cidade, nunca foi tão elevado o número de pedintes elas vias públicas, nunca foi tão difícil e desesperadora a vida na Capital da Alta Paulista.

A alta geral dos preços das utilidades públicas, estarrece qualquer mortal. Nem uma fruta, pode, hoje em dia, comprar um operário que seja chefe de família numerosa, tão elevados são os seus preços.

Agora, o espetáculo triste, a “espada de Dámocles” sobre as cabeças de centenas de empregados, ameaçados de desemprego, em consequência do novo salário mínimo, salário que ainda apresenta suas dúvidas, quanto a realidade, em face da aceitação desfavorável que teve, uma vez que tornar-se-á dentro de alguns dias, completamente inútil. E, por outro lado, criará outras consequências imprevisíveis.

Muita gente, humilde, servirá de bode expiatório para o “drama do salário mínimo”. Em muitas circunstâncias, existem razões em parte para muitos empregadores. Acontece que muitas famílias passarão fome, com o desemprego fatal, já iniciado.

A vida, se já era difícil mais dramática tornou-se para muita gente, que, percebendo salários inferiores aos chamados “mínimos”, anda hoje estourando a cinta em seu último furo, privados de tudo o que é sumariamente necessário.

Que fazer? Quais as providências?

Muita gente grita, mas nem todos tem razão. Já estamos vendo no côro da choradeira, até figurões representativos, políticos profissionais e mesmo “tubarões” desalmados. Óra, leitores, se uma pessôa que dispõe em giro milhões e milhões de cruzeiros, anda por aí berrando que as coisas estão ruins, quais os triunfos que poderá dispor aquele que tem três ou quatro filhos, ganha uns míseros mil cruzeiros por mês?

Será um sinal dos tempos? Ou será... bem, é isso mesmo.

Extraído do Correio de Marília de 22 de agosto de 1956

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O jogo do bicho (26 de outubro de 1974)

O Climático Hotel (18 de janeiro de 1957)

“Sete Dedos”, o Evangelizador (8 de agosto de 1958)