Assuntos sobre vereança (05 de agosto de 1976)


Um leitor veio indagar-me, se havia realmente acontecido o caso do candidato a vereador que só teve um voto, caso esse aquí revelado alguns dias atrás.

Aconteceu, sim. E, como ao mesmo citado candidato a justiça eleitoral só contou um voto, deduz-se que nem a própria esposa votou no fulado.

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Também o caso de um outro candidato daqui de Marília, que não obteve um voto siquer, é verdadeiro.

Este jornal noticiou o resultado oficial na devida ocasião.

O fato do mesmo não ter tido siquer o seu próprio voto só pode ser justificado de duas maneiras: ou por uma questão de escrúpulo o mesmo te votado em outro nome, ou, então, seu voto próprio ter sido, por qualquer razão, anulado. O certo é que esse cidadão não teve siquer um voto.

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Certa feita, comunistas escreveram num muro que existia no local onde hoje está o Paço Municipal, que a Standard Oil iria “engolir” o Brasil.

E um vereador mariliense, discursando sobre o assunto, afirmou que duvidava que tal acontecesse, porque a “Standard Oil não tinha garganta”.

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Um vereador de antanho costumava sempre alardear machismo na Câmara e certa vez, erguendo uma pasta que trazia consigo, afirmou que alí tinha ele uma “máquina de fabricar defunto” – isto é, um revólver carregadinho da silva.

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Certa ocasião, a Câmara rendia uma homenagem ao então vereador Aniz Badra.

Todo mundo falou e a certa altura um vereador pediu a palavra para prestar sua “homenagem póstuma” ao Dr. Aniz Badra.

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A atual Câmara Municipal precipitou-se durante o transcorrer de determinada sessão ordinária e prestou homenagem póstuma a um ex-vereador, que por sinal ainda está vivinho da silva.

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Uma ocasião, um vereador, que era Presidente da Câmara, comeu todo o presunto e o queijo dos sanduíches destinados aos vereadores, deixando para estes apenas os pães.

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Uma noite, quando da realização de uma sessão da Câmara, determinado edil “metia o pau” na Vasp e comentava os gastos da empresa, com a compra dos aviões “Viscount”.

Outro edil, pedindo a palavra, falou também sobre o assunto e parece não ter entendido bem o nome dos aviões referidos, pois achou “um absurdo a empresa gastar tanto dinheiro para comprar ‘biscoitos’”.

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Tem um retrato de uma autoridade colocado na Câmara, cujo requerimento foi elaborado “na base da gozação” e “só para esculhambar” – conforme disse o autor, no momento em que incumbiu o funcionário da Câmara, de fazer o projeto.

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Um ex-vereador mariliense permaneceu durante quatro anos em exercício e nunca ocupou a tribuna ou aparteou um colega. Em todo esse tempo só abriu a boca para responder “presente” e para tomar o cafezinho.

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Essas considerações dedicam-se especialmente aps marilienses que, pela primeira vez, engajam-se na política, disputando uma das poltronas da Câmara Municipal.

Extraído do Correio de Marília de 05 de agosto de 1976

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