Viagem aos Pampas (III) (1 de dezembro de 1973)
Finda a desobrigação do
motorista, junto ao Posto Fiscal paranaense, tomamos um cafezinho (por sinal
intragável) e reiniciamos o trajeto.
Não há muito, o trecho desde
a barranca do rio Paranapanema, até a cidade de Ibiporã, era de terra e agora
apresenta-se asfaltado. A pavimentação não é lá muito boa e sente já o peso do
intenso tráfego.
Depois de uma(s) duas horas de percurso, aproximamo-nos de
Londrina, a Capital do Norte Paranaense, verdadeiro milagre do progresso.
Cidade vibrante, movimentada, industrial de comércio expressivo, de gente
correndo e trânsito intenso.
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Um trevo, fazendo a rodovia
abrir-se em três direções: acesso a Londrina, direção a Ponta Grossa e rumo às
cidades de Araponga, Apucarana, etc.
O motorista tomou a direção
rumo a Arapongas e explicou: o percurso deveria ter uns vinte quilômetros a
mais do que a via que demanda a Ponta Grossa, mas a rodovia mesmo com mais
trânsito, oferecia melhores condições à carga do pesado veículo.
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Atingimos Cambé e a seguir
Arapongas. Esta cidade destaca-se pelo seu poderio industrial. Mesmo sem
nenhuma parada em Arapongas, pude perceber a febre de seu dinamismo e o poderio
de suas indústrias. Os telefones de Cambé segundo a dedução que os letreiros e
placas comerciais deixaram ver, são todos de seis números (92-1187, por
exemplo), o que traduz o bem expressivo número de aparelhos telefônicos da
cidade Cambeense.
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De Apucarana em diante, dá
gosto ver-se as terras, preparadas para receber sementes de cereais. O plantio
de soja predomina o entusiasmo da região. As áreas limpinhas, com um serviço de
gradeamento total sem tocos de árvores, aguardando tão somente chuvas para
receberam no ventre, as sementes férteis.
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Estávamos na chamada Rodovia
do Café.
Quis saber o porque da
denominação, uma vez que quase se não vê cafezais em todo o seu percurso.
Clovis explicou: Por aquela estrada escoava-se estoques imensos de café
paulista e norte-paranaense, bem como até de outros Estados, com destino ao
Porto de Paranaguá, um dos mais importantes do Brasil, no embarque de café
brasileiro para o exterior.
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Soja, algodão e fumo além de
amendoim, eram as vegetações que mais predominavam nas áreas plantadas, à
medida que o possante Scânia ia avançando para o sul.
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Parece muito atrasado,
naquela região sul paranaense e mesmo no norte do estado de Santa Catarina, o
impulso do reflorestamento.
Matas virgens, não mais
existem. Um machado destruidor botou tudo por terra, enriquecendo possivelmente
muita gente e construindo apenas terras para o plantio. Uma pena.
Nem os tradicionais e bonitos
pinheirais tem sua vez. Uns outros pinheiros, característicos da região, resistem ainda, qual heróis solitários a
montar vigília nas regiões destinadas ao plantio de cereais.
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Nas margens da Rodovia do
Café, toscos ranchos de madeira, habitados por gente humilde. Paus espetados no solo, fazem a improvisação
de “stands” para as vendas de tapetes feitos à mão, cestos de vime, cadeirinhas
infantis (também de vime), litros contendo mel de abelhas, pássaros
engaiolados, cebolas e alhos, resteas, etc., dando um toque característico ao
comercio improvisado de margem de estrada.
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Na região de Tibagi, além da
perigosa Serra do Cadeado, o aspecto geral das lavouras adquiri uma observação
diferente. Os campos apresentam-se quais tapetes amarelados, que a brisa ondula
como os próprios mares. São os trigais, aguardando as operações de corta. Um
panorama diferente, bonito para os olhos,
especialmente do repórter curioso, ávido de conhecimentos observatórios
novos e inusitados ufano de apreciar as coisas deste rico e gigante Brasil.
(continua)
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