O Frustrado comprador de fazenda (2 de outubro de 1973



Era uma vez...

Foi há muito tempo.

Determinado cidadão, alimentava um sonho azoinado: comprar uma fazenda.

O ideal, de tanto macerado no próprio bestunto, passou a representar um quadro real, como se consumado efetivamente fôra.

E o homem só pensava nisso, só falava nisso: comprar uma fazenda.

Via, imaginativamente, os cafezais floridos, o gado pastando calmamente nas pastagens verdes, a tulha repleta da rubiácea, os colonos amainando a terra por entre as ruas do cafezal, os bezerros presos, para que as vacas acumulassem o leite. “Via” tudo isso, sonhando acordado.

Porque, na realidade, o cidadão não possuía as condições mínimas para comprar a fazenda.

Não tinha o principal: o dinheiro.

Mas não se apercebia disso. Sonhava em comprar a fazenda. Só isso.

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Temos em Marília, a perspectiva de alguns pretendentes à compra de uma fazenda.

A fazendo, é outra, não aquela do sonho azoitado do frustrado comprador, que pretendia comprar sem possuir um níquel siquer.

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Da mesma maneira que o homem queria comprar a fazenda sem dinheiro, temos anunciados candidatos à deputação estadual, sem a mínima possibilidade de vitória.

Para comprar a fazenda, precisa-se de dinheiro.

Para ser eleito deputado, precisa-se de votos eleitorais. Uns 25.000, pela ai.

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Então, existe uma só fazenda para ser vendida.

Mas os compradores, pelo que se vê, são muitos. E a fazenda é uma só.

Vai acontecer, o inevitável: ninguém vai acabar comprando a fazenda.

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Se Marília concorrer no próximo pleito eleitoral, com a enxurrada de candidatos em perspectiva, nenhum deles vai ser eleito.

Podem escrever isso.

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Vamos repetir, nessa hipótese, os erros do pretérito.

Vamos apresentar muitos candidatos, dividindo migalhas de votos bondosa e inocentemente e permitir que muitos outros marilienses, continuem a ser dadivosos em votar em candidatos alienígenas.

E acontecerá o inevitável: não elegeremos nenhum, continuando Marília órfã e desamparada na Assembléia Legislativa.

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O caso não é para paliativos e sim para medicação radical e maciça: devemos lançar um candidato único de Marília.

Mais ainda: cerrar fileiras, em torno desse nome. Seja Pedro, ou seja Paulo. Mesmo que, por questão pessoal, o candidato não corresponda cem por cento, ao colimado por alguns eleitores. Abandone-se esse sentimento, para fixar-se na condição indesviável, de que o candidato seja mariliense, seja “nosso”. Só isso.

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Elegendo um candidato mariliense, “nosso”, teremos a faculdade, de confiar no mesmo e ao mesmo exigir (sem pedir), trabalho e advocacia dos interesses de Marília e dos marilienses.

Atente-se para isso.

Evitemos a repetição dos fatos verificados no passado.

Coloquemos Marília acima de tudo. Acima dos candidatos de fora, acima de quaisquer antipatias ou malquerenças pessoais.

Marília, como o próprio Brasil, também merece o nosso amor.

Extraído do Correio de Marília de 2 de outubro de 1973

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