Pedintes que não são mendigos, mas que são marginais. E também perigosos (11 de setembro de 1973)



Nunca, na vida de Marília, a cidade e sua população, viveu momentos de tão intensa intranquilidade como agora.

Não há o mínimo de exagero, na série de escritos que vimos publicando, com referência ao problema angustiante, que se agrava, parecendo propositadamente, dia a dia.

A família mariliense vive um clima de verdadeira preocupação, tal o número de matilhas de pedintes que infestam suas ruas, dia e noite, na indesejável “profissão” do “me dá, me dá”.

Não existe a humildade dos necessitados e dos miseráveis, no procedimento condenável desse ról de pedintes. Não são farrapos humanos, doentes ou fisicamente defeituosos.

São homens fortes, mal encarados, atrevidos, prepotentes, exigentes e sobretudo “marrudos” e perigosos.

Não pedem, exigem. Não imploram, ameaçam.

         Nas ruas e nas residências

Nas ruas, centrais ou não, nenhum mariliense tem sossego, ante o assedio permanente dessa casta, que comprovado está, é despejada em Marília, por gentes de outras cidades e também pelas composições da Fepasa.

Os estabelecimentos comerciais, os bancos, as repartições públicas, estão sentindo a ousadia desses elementos, pedindo e insistindo, diuturnamente.

Nas residências ninguém mais tem tranquilidade. Os pedintes (não mendigos, mas vadios, pinguços e “marrudos”), chegam a adentrar áreas e quintais, pedindo com insistência e destemor, com imposição abusiva, negando-se a abandonar os locais, se não forem atendidos com donativos em dinheiro. E até ameaçam.

Digam-no, as famílias marilienses.

Contradigam-nos os que teimam em chamar de “mendigos” esses marginais que constituem perigo para homens, mulheres e crianças.

Jamais se viu coisas tão contundentes na vida da família mariliense!

         Aplausos

Esta série de escritos, não constitui campanha alguma, como já pensaram alguns.

Ela representa apenas, o meio do jornal transmitir ao povo, o que o povo bem sabe, porque está sentindo nas próprias carnes esse indesejável problema.

Não fôra isso, não chegariam diariamente a redação, mocoes de aplausos dos marilienses em geral. São militares, da PM e do Exército, médicos, advogados, engenheiros, professores, comerciantes, bancários, industriais, comerciários, homens pobres e ricos, pais de família, enfim, que se solidarizam com o jornal, pedindo que prossigamos, até o dia em que, as autoridades competentes, ponham fim aos desmandos e abusos que nesse particular existem, para a completa tranquilidade da família mariliense.

         Mais um caso

Na noite de ante-ontem, Dia da Pátria, um desses indejaveis, tentou agarrar à força, duas crianças, filhas do mariliense prof. José Roberto Daló.

As crianças conseguiram escapar à sanha do bandido, porque puderam correr mais do que ele.

         Outro

Contava-me na manhã de ontem, um cidadão mariliense, no Supermercado Pereira e na presença do açougueiro Vavá, que ele próprio (um homem), havia sido agarrado por um desses perigosos elementos, que o puxara agressiva e ameaçadamente pelo braço, tentando “arrancar-lhe” dinheiro “na marra” e que a chegada providencial  de um rapaz que pilotava uma bicicleta, havia evitado um desfecho talvez imprevisível.

         Até quando?

Não pode uma população toda, permanecer indefesa, antes a onda dessas ousadias, desses abusos, desses desmandos, dessa intranquilidade geral da família mariliense.

Afinal, em pleno Século XX, na era da conquista da lua, uma cidade como Marília, deverá permanecer submersa à essa onda de verdadeiros abusos contra uma sociedade toda?

Serviço Social, no caso, nada soluciona, porque a medida deve ser da alçada policial, uma vez que dessa falsa mendicância, decorre a insegurança física dos cidadãos e a intranquilidade da família.

Quem não tem meios de solucionar o problema, foi exatamente quem se meteu a advogar uma falsa defesa, dos falsos mendigos.

Senhores, é chegada a hora de colocar a cabeça no devido lugar e adotarem-se as providências que o caso está a exigir com urgência e sem delongas.

Extraído do Correio de Marília de 11 de setembro de 1973

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