A Banda de “Seu” Galati (07 de abril de 1956)

É do homem o defeito. A maioria é do “lado da sombra”. Uma outra parte acompanha a maioria. Pouco agem independentemente e com razão, quando o senso se faz preciso.

Não pretendemos advogar causas de ninguém, mas ficamos um tanto chocados com a “onda” feita por grande número de marilienses, contra a Banda do sr. Jorge Galati, a “furiosa”, como é conhecida. Apesar de ser chamada a “Banda do Galati”, é uma corporação municipal.

No Dia do Município, a Comissão Especial dos Festejos de 4 de Abril trouxe a Marília, o que de mais completo se poderia esperar no gênero: a Sociedade Filarmônica “Pietro Mascagni”, de Jaboticabal, conhecida como a “Banda de Jaboticabal”, composta de 40 excelentes figuras e honrosamente vencedora da primeira colocação no concurso de bandas musicais, instituído pela Comissão dos Festejos do IV Centenário de São Paulo.

A aludida corporação deu um brilho impar às solenidades do Dia de Marília. Correspondeu integralmente. Foi mesmo uma feliz idéia trazê-la para nossa cidade, na data magna do município.

No entanto, o que não está certo, são os comentários jocosos, contra a “Banda do Galati”. Quantos defeitos foram encontrados na corporação que sempre esteve à disposição dos marilienses, com a melhor das boas vontades, com sacrifícios muitas vezes!

A chamada “Banda do Galati” é um organismo da municipalidade. Nem todos sabem se a mesma possui instrumentos em condições de satisfazer plenamente as necessidades a que se destina. Poucos sabem os sacrifícios que devem custar o dirigir uma “furiosa”, como denominam as bandas do interior.

A parte do público mariliense que “metem o pau” na “Banda do Galati” obrou mal. A Comissão incumbida dos festejos, cometeu uma indiferença, não incluindo, pelo menos como colaboração, o concurso da corporação da municipalidade.

A “Banda de Jaboticabal”, agradou a todos, como se era de esperar. Cumpriu bem a sua missão. Deixou a melhor das impressões e deve ter levado também, agradáveis sentimentos do povo mariliense, que soube cercá-la de todo o carinho, simpatia e admiração.

Agora, ficou a “Banda do Galati”. No dia, ninguém se lembrou dela. Muitos esqueceram-se que hoje ou amanhã, a própria Marília necessitará da “Banda do Galati”. E apontaram defeitos sem conta ao autor de “Saudades de Matão” e seus humildes músicos. Foi um êrro.

O que se deverá fazer, ao invés de censurar a “furiosa” – como a chamam – é saber-se, primeiramente, se a mesma está aparelhada para corresponder totalmente. Se não estiver, se faltar-lhe algo, aquêles que condenaram com a corporação do município, devem, antes de mais nada, colaborar com ela, isto sim.

Extraído do Correio de Marília de 07 de abril de 1956

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