Por ar ou por mar? (12 de maio de 1983)
Sempre assim.
A morola briga com a pedreira e quem paga o pato é o
siri.
Os líbios arrumaram essa encrenca dos diabos, que
todo mundo conhece, inclusive eles próprios. Os aviões da Alitalia pediram ao
Governo brasileiro a bagatela de 150 mil dólares para transportar o armamento.
Agora vai por mar mesmo. Fica um pouco mais em conta.
Não representa uma boa economia para a gente?
Bah.
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Sinceramente.
Sob alguns aspectos, parece que o movimento de
alguns escalões da autoridade e da própria administração superior, não tem lá
os resquícios de sinceridade que de inicio poderia parecer.
Com todo o patriotismo que a gente pode dispor, não
dá para se acreditar que exista mais lealdade e interesse nacional, do que
conveniências de alguns. Por mais que a gente bote fé no Presidente Figueiredo,
humano e patriota como é, fica aí um leve desconfiar, que há interessados em
sua continuidade, sem o patriotismo e a brasilidade incontestáveis do General
João Baptista.
Sendo assim, há intentos outros. E não se podem
jamais atribuir ao honrado Presidente – hoje mal assessorado no entender de
milhares – que fica imune e naturalmente inocentado.
Tem gato na tuba. Não sai porque não quer. Nem
assoprando.
Tem.
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Reforço este do pensamento acima:
Ministro Cesar Cals, das Minas e Energia. Parece ser
o comandante em chefe do movimento pró-reeleição do General Figueiredo. Se fora
o envolvimento de um crime e se tal se jurisprudenciasse via de dispositivos do
Código Penal, o Ministro seria considerado como réu confesso.
Deixe-se isso prá lá.
Ministro Cesar Cals, ele próprio, sem ficar siquer
vermelho, afirmou dia outro:
Está ele (o Ministro) estudando alternativas
contábeis para a Petrobrás não dar prejuízo no primeiro trimestre do ano!
Juro que li algures declarações essa.
Desculpe, leitor, meu “pudor patriótico” – se é que
se pode utilizar semelhante termo. Desculpe, rogo, pois pequei em cima da
bucha, quando me inteirei desse propósito do Ministro: o de estudar
“alternativas contábeis” para evitar que a Petrobrás dê prejuízo no primeiro trimestre!
O bisametro da informática foi proposital. Para
ficar bem gravado, bem claro, sem quaisquer dúvidas.
Então pequei. Pequei em raciocínio sim.
Meu pecado (em pensamento):
- Num país que se diz sério como o nosso, a
autoridade da administração central, admitindo e confessando manobras destinada
a enganar a opinião pública, não seria sumamente digna de receber bilhete azul?
Tudo bem. “Vâmu qui vâmu”. Legal. “Tâmu qui tâmu”.
Enquanto vivermos essas duas tradições
indestrutíveis:
1. Faça
o que eu mando, não faça o que eu faço.
2. Sabe
com quem está falando?
Extraído
do Correio de Marília de 12 de maio de 1983
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