Hoje, Dia do Viajante (01 de outubro de 1974)
Existe uma classe de
trabalhadores representada por homens irrequietos e de elevado espírito
comunicativo, dotada de uma sociabilidade impressionante, cujo poder de
comunicação significa mesmo uma condição “sine qua non” para a excelente
performance das próprias atividades.
Essa classe é a classe dos
viajantes, os representantes comerciais.
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No passado eram chamados de
“cometas”, topônimo lhe atribuído por avoengos, em virtude de terem data mais
ou menos certa, para visitar as comunidades nascidas em pleno sertão.
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A história dos viajantes é
rica em imagens multiformes, eivada mesmo de fatos verdadeiramente homéricos de
um passado não muito distante.
Elas eram pessoas-comuns, nos
antigos “pousos de tropeiros”, em picadões, em picadões abertos nas matas
virgens, a peso de cascos de burros, em muitos casos, em plena floresta virgem.
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O progresso nacional muito
deve aos caixeiros-viajantes. No passado, eram homens rudes, até certo ponto, pois
tinham que enfrentar os perigos das selvas, para realizar seus trabalhos de
interligação entre a Capital e as cidades surgintes, entre o interior e os
portos de exportação, o que significa afirmar, enre os povoados nascentes entre
as florestas seculares e a civilização das metrópoles.
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Simultaneamente, foram
educadores, pois no aparecimento de cada novo produto da ciência ou da
tecnologia, faziam-se de autênticos mestres, fazendo o pregão das novas
mercadorias, dissecando seus benefícios e vantagens.
Também foram chamados de
“jornal falado”, eis que procedendo dos grandes centros e adentrando os locais
onde a civilização engatinhava, portavam para os centros perdidos no interior
da Pátria, as notícias e informações dos fatos que se passavam nas Capitais.
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O representante comercial é
um tipo extraordinário, que tem para toda e qualquer circunstância e
eventualidade, uma piada a ser contada e um meio estratégico de saída de uma
situação embaraçosa, com o fito exclusivo de não perder um cliente.
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Percorrendo, no início,
terrenos a pé ou sobre lombos de burros, carregando pesadas malas com
mostruários de mercadorias, foram os “cometas” responsáveis diretos pela
propagação do próprio progresso nacional.
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É uma profissão espinhosa, embora
aparentemente se apresente com um rótulo falso de “bom vivant”. Especialmente
se considerarmos que na maioria dos casos, as firmas que os empregam
exigem-lhes a desobrigação de uma cota mensal, que eles terão que cobrir
durante o mês, mesmo que chovam canivetes ou que vertam lágrimas de sangue.
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Ao ensejo deste registro,
aqui se consignam nossas congratulações e nossos respeitos a essa nobre classe
dos viajantes comerciais, propagadores do progresso nacional e responsáveis
pelo conhecimento e chegada da força manufatureira nacional, aos mais distantes
rincões do Brasil.
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