Dois assuntos dos outros (08 de outubro de 1974)
Dia outro determinado leitor pediu-me que gostaria de
voltar a ler certa “estatística” sobre o quanto se trabalha no Brasil.
Referia-se ele a uma espécie
de glosa, cujo autor não sei quem é, mas que em passado divulguei através desta
coluna. De fato, o conteúdo foi muito bem feito, pela oportunidade imaginativa
de seu autor.
Respondi ao amigo que seria
impossível a repetição pelo fato de eu não saber a data da publicação, o que
tornaria muito difícil vasculhar as coleções do jornal para descobrir a
referida inserção.
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Um dia destes um outro amigo
ofereceu-me um recorte de um jornalzinho editado por determinado clube social,
contendo exatamente o assunto que me fôra anteriormente solicitado.
Coincidência natural e
inesperada, que oferece-me o ensejo, agora, para atender o pedido anterior e
acima referido.
Vejamos, portanto, essa
curiosa “estatística”.
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Dá conta de que dois amigos
encontraram-se tendo um deles indagado para onde se dirigia o outro. “Vou
trabalhar” – foi a resposta.
Ai o indagante argumentou que
ele noa trabalhava e passou a prová-lo.
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Um dia tem 8 horas para o
trabalho, no decurso de suas 24 horas que representa. Oito horas de um dia de
24 horas representa um terço do dia.
O ano tem 365 dias e um terço
desse número é 121 que são os dias de trabalho normal de um ano inteiro.
No ano todo existem 52
domingos. Tirando-se esse número de domingos, dos 121 dias de trabalho do ano
ficam 69 dias para o trabalho.
Desses 69 dias deduz-se as
férias, que são de trinta dias, ficando somente 39 para trabalhar.
Nesses 39 dias, incluem-se as
datas que não se trabalha, como Natal, Sexta-feira Santa, Ano Novo, aniversário
da cidade e outros feriados, em número de 12.
39 dias menos 12 sobram 27
dias para o trabalho.
Mas aos sábados só se
trabalha meio dia e os meios dias dos sábados, durante o ano, perfazem 26 dias.
Daí, tirando-se 26 dos 27 destinados ao trabalho, só sobra um dia para
trabalhar.
Acontece que esse dia é o 1º.
de maio e ninguém trabalha. Portanto, durante o ano todo não se trabalha.
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Do mesmo recorte me
oferecido, um conselho de como conservar um marido, dedicado especialmente às
jovens casadeiras.
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Para conservar um marido,
seja cuidadosa ao selecioná-lo. Não escolha jovem demais.
Depois de selecioná-lo,
concentre-se em prepará-lo para a vida doméstica. Algumas insistem em
conservá-los em picles. Outras os põem em água quente. Isso os torna azedos,
duros e amargos.
Até os mais comuns podem
tornar-se doces, macios e bons, quando guarnecidos com paciência, bem adoçados
com amor e temperados com carinho. Embrulhe-o com um manto de benevolência e
conserve o seu calor com um fogo permanente de devoção doméstica.
Assim preparado, durará anos.
Extraído do Correio de Marília de 08 de outubro de 1974
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