Ferramenta enferrujada (26 de setembro de 1974)
Todo bom artesão deve
possuir, além da competência e atenção profissional, como indispensável
apetrecho, boas ferramentas.
Uma ferramenta enferrujada
dificulta a perfeição e o bom rendimento do trabalho, fazendo a presença de
imperfeições, com resultados negativos.
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Assim é a política.
Ferramentas não de trabalho, mas de ideias doutrinárias, de arte – não de
artimanhas.
Política é uma verdadeira
ciência, em termos de análise real e objetiva. Só pode ter lugar em terrenos
democráticos, pois onde impera ditadura e regime de força, a política não se
configura como ciência e sim como aglomerado imperativo que todos temem antes
que respeitam. Significa a política, a releção entre o povo e Estado, arte de
comandar, de dirigir as organizações que representam parcelas governamentais. É
um élo de comunicação social e exige a coesão de forças e pensamentos, sob o
rótulo de partidarismo.
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Em Marília, a política é
ferramenta enferrujada.
Haja vista a desunião de suas
próprias forças, quase todos lendo por cartilhas diferentes, falando línguas
diferentes.
Esse fenômeno, no que
respeito diz, à força doutrinária situacionista, está apresentando os efeitos
de uma colcha de retalhos, onde as costuras interligantes não apresentam o
mesmo efeito, enfraquecendo pontos e alas, gerando dissidência, fomentando
separações, provocando ressentimentos e distanciando a coesão de princípios
partidários.
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Referido estado de coisas, nesse
aspecto, é lastimável numa cidade de fôros de cultura e tradições como Marília.
Políticos arenistas,
inclusive delegados do partido da situação, desgarraram-se do grosso do
rebanho, formando grupos esparsos e até solitários, depauperando o próprio partido.
Em cada cabeça mais de uma
sentença, em cada atitude mais um distanciamento da união necessária,
imprescindivelmente necessária à harmonia partidária.
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Até o próprio candidato à
deputado pela Arena está sozinho, qual um navegador solitário num barco sem
remo e sem rumo.
Os que tinham por dever
doutrinário aquilo que bem poderia chamar-se solidariedade política, tomaram
rumos diversos, cada qual compromisando-se e apegando-se com candidatos
alienígenas, numa prova indiscutível da falta completa de uma liderança.
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Além da ferramenta
enferrujada, deprecia-se o próprio artesão – em comparação grosseira, o próprio
partido situacionista.
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O reverso da medalha
representa-se por um negativismo dos mais censuráveis, eis que a dissidência, a
desunião, a falta de coesão, os caminhos diferentes, as quizílias e os
desentendimentos, aliados a apatia ou antipatia, estão produzindo efeitos
outros.
Nesse reverso da medalha,
nessa germinação de efeitos outros, as forças situacionistas de Marília,
promovendo e advogando a disperção de votos, estão contribuindo para a
sequência da orfandade mariliense no parlamento estadual.
E, além do que isso, o pior:
estão dando um gigantesco caldeirão de chá ao partido oposicionista.
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