Imitações tolas (10 de agosto de 1976)
Não pensem que sou
anti-americanista. Em contrário, gosto muito do povo norte-americano, embora
reconheça nessa raça comerciantes exímios e capazes, gente que não dá ponto sem
nó.
Mas isso é outro caso.
O norte-americano é um cara
muito bacana.
Muito afeito ao trabalho e
respeitador da lei.
Genericamente é, assim,
embora se considere que toda a regra tem sua exceção.
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Convivi com cidadãos
norte-americanos, por relativo tempo, embora esse convívio fosse esporádico.
Refiro-me à última Grande
Guerra, da qual o Brasil participou através da gloriosa Força Expedicionária Brasileira,
a FEB.
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Comecei a contactar com
soldados norte-americanos antes do embarque da FEB para a Europa. Através de
cursos militares, ministrados por oficiais brasileiros e norte-americanos.
Depois, no navio que conduziu
o primeiro escalão da FEB à Itália, sensibilizei-me mais pelos “yankies”, ao
mais de perto conviver com os mesmos.
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Na Itália, antes da entrada
em combate, frequentei cursos e também ministrei cursos. Isso me colocou sempre
em contacto com os norte-americanos.
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Quando da participação
inicial das tropas brasileiras em operações de combate, nossos pracinhas
substituiram soldados norte-americanos. As trocas de posições processaram-se de
modo a fixar ainda mais as relações de amizade e de respeito mútuo.
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Anos mais tarde estive nos
Estados Unidos. Aí, então, o convívio foi direto com aquele povo. Mais
expressivo ainda, porque no Estado norte-americano que me fiz presente o número
de estrangeiros e especialmente de brasileiros é deveras ínfimo.
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Tudo isso vem a respeito do
péssimo costume que temos nós, brasileiros, em copiar e imitar o que fazem os
norte-americanos.
Mesmo coisas banais fazemos
sempre como o macaco: imitamos.
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Refiro-me aos tipos de
camisas e blusas comumente usadas entre nós, com disticos, palavras, frases ou
alusões norte-americanos.
Inclusive com divisas e
galões de Forças Armadas dos Estados Unidos.
Entendo isso como errado.
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Se o caso fosse inverso, isto
é, se ao invés dos brasileiros usarem tais alusões e enfeite, fossem os
norte-americanos, que lá na sua terra, usassem motivações brasileiras, o caso
seria o mesmo.
Em outras palavras:
Nessa hipótese, se eu, por
exemplo, fosse radicado nos Estados Unidos e visse os norte-americanos usando
camisas e blusas com motivações brasileiras, talvez pudesse pensar algo
diferente, mas o certo é que pensaria, no duro, que os americanos não passavam
de tolos.
Extraído do Correio de Marília de 10 de agosto de 1976
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