Uma reunião de imprensa (05 de junho de 1974)



Convocado pela direção do “Diário de São Paulo”, participei em dia da semana passada, de uma reunião de correspondentes regionais do “maior matutino paulista”.

Um ambiente de cordialidade, onde se trataram de coisas sérias, de mistéres profissionais, de atividades jornalísticas.

Essas reuniões caracterizam-se pelo companheirismo, sem pompas ou ostentações. Enseja o reencontro de jornalistas radicados em vários pontos do Estado. Reaviva sentimentos de amizade e motiva a exteriorização de novas experiências, de contactos, de alegrias e dissabores, comumente chamados de “ossos do ofício”.

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Fiquei sabendo então:

Em Registro, o prefeito foi processado porque construiu um campo de futebol às expensas da prefeitura. O representante do Ministério Público impronunciou a queixa-crime por entender que, embora com ônus para o município, a construção do campo de esportes em terreno particular, representou uma motivação de lazer, diversão, contentamento e satisfação para o público, que deve ter motivos de alegria, proporcionada pela autoridade competente e bem intencionada.

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Também:

Em Tupã e Pompéia, ex-prefeitos foram absolvidos de ações contra os mesmos impetradas.

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O jornalista José Aparecido, de Guaratinguetá, contava com euforismo o rítmo de progresso de sua municipalidade, as obras do prefeito, o dinamismo de Guará e a projeção daquela cidade do Vale do Paraíba.

Em parte, dissera eu ao José Aparecido, que ele não olvidasse de uma coisa muito importante: a colaboração da Câmara Municipal, pois sem esta, o prefeito não conseguiria realizar as grandes obras que o mesmo apregoava como realizadas e em andamento.

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Ai o jornalista guaraense “vomitou”:

A Câmara estava contra o prefeito, torpedeando todos os projetos à mesma encaminhados. Impedia e cortava ou negava todas as verbas, para as obras de saneamento, melhoramentos, ensino, infra-estrutura.

O prefeito ia “tocando” assim mesmo, mas chegou um ponto em que ficou manietado.

Certa feita, a Câmara de Guará negou uma suplementação de verba para ocorrer as despesas de fornecimento da merenda escolar. E mais outra, para manutenção do Pronto Socorro Municipal.

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O prefeito de Guará não se desesperou – contou o jornalista José
Aparecido.

Dirigiu-se ao Quartel do Exército.

Falou com o general comandante, que não poderia dar alimentação às crianças escolares e que não tinha condições de socorrer doentes e acidentados, porque a Câmara negava-lhe, por questões políticas, as competentes verbas.

E pediu conselho ou orientação para resolver os angustiantes problemas.

O General ouviu tudo, analisou tudo, estudou, pensou e arrematou:

- Isso é problema de Segurança Nacional.

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Hoje a Câmara Municipal de Guaratinguetá permitiu a suplementação das verbas necessárias para os fins citados e aprova tudo o que a Prefeitura lhe envia.

Extraído do Correio de Marília de 05 de junho de 1974

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