Um cearense quer vir à Marília (25 de junho de 1974)
Um cidadão, residente na
cidade cearense de Barbalha, escreve-me.
Conta ele que foi um dos
“arigós” do desbravamento de Marília, no ido ano de 1928, derrubando árvores e
roçando matas virgens, para o surgimento do povoado de Alto Cafesal.
Que regressou para sua terra
em fins de 1929, onde casou-se, constitui família e lá reside até hoje, como
aposentado do INPS. Mais, que recentemente escreveu à Câmara e Prefeitura
Municipal, contando essa saudade e desejando saber algo de Marília.
--:--
Disse ter recebido através de
correspondência assinada pelo Relações Públicas da Prefeitura, jornalista
Francisco Manoel Giaxa, informes e suvenirs de nossa cidade.
E foi dessa resposta que o
cearense decidiu escrever ao redator-chefe do “Correio”.
Fez-me um pedido, que eu,
pessoalmente, não tenho condições de atender: deseja ele campanha de subscrição
pública, no sentido de conseguir meios que custeiem sua vinda a Marília, para
conhecer a cidade e meios para hospedagem aqui e passagem de retorno ao Ceará.
--:--
O conteúdo da carta é
comovente, não resta dúvida. Sob o aspecto humano-emotivo, perfeitamente
válido.
O missivista identificou-se,
assinou, discriminou toda a documentação que prova sua identidade, citou
endereço e remeteu sua própria fotografia.
--:--
O que de certa forma causou
espécie no pedido não foi propriamente a solicitação do custeamento de todas as
despesas, porque talvez uma meia dúzia de capitalistas marilienses, pudessem
colaborar no atendimento do desejo desse cidadão.
O que causou essa espécie foi
o mesmo ter honestamente citado os seis filhos que possui, todos casados e
praticamente realizados, que, pelas próprias ocupações, poderiam, num rateio
equânime, oferecer ao sr. Edgard Coelho Alencar (o missivista), os meios
suficientes para que ele pudesse voltar a rever Marília.
--:--
Tem ele, segundo suas
próprias afirmativas, um filho que é major do Exército; um que é bio-químico e
vice-prefeito; um que é economista, casado com uma médica; uma filha casada com
um médico; um outro filho bio-químico; uma filha que é doutora em línguas
neo-latinas; e uma filha casada com um engenheiro agrônomo.
--:--
O comentário deste artigo,
abordando a carta referida – em meu poder, à disposição de quem deseje vê-la –
é colaborar sob duas condições:
Primeiro, que as próprias
filhas, genros, filhos e noras, cotizem-se entre si, para custear as despesas
dessa viagem, que não devem ser elevadíssimas. Estariam esses familiares
satisfazendo o anelo de um homem de 64 anos de idade, que pretende, antes de
morrer, ver a cidade que ele ajudou a construir.
Segundo, com esta revelação,
deixar o assunto a critério dos marilienses ou entidades que pelo caso possam
interessar-se.
Neste caso, talvez estudos
por um clube de serviço, como Rotary, Lions, etc..
--:--
Pelo menos por aqui só pode
ser esta a minha colaboração.
Extraído do Correio de Marília de 25 de junho de 1974
Comentários