A psicose do futebol (21 de junho de 1974)
O sentido da expressão é
comparativo, já se vê.
Mas toda gente brasileira
está com o pensamento e as atenções voltadas para a seleção nacional de
futebol, que participa da Copa, na Alemanha.
Mesmo os que não gostam e até
os apáticos, procuram inteirar-se, saber, conhecer. Até a mais simples e
humilde dona de casa.
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Muitos anos passados,
aconteceu um caso tragicômico, envolvendo um cidadão mariliense. Por causa do
futebol.
O farmacêutico e ex-vereador
Edgard Santa Fé Cruz nunca gostou de futebol em sua vida. Nunca jogou, nem
quando era criança. Jamais se interessou por essa modalidade de esportes.
Certa feita, a A. A. São
Bento estava “na linha vento”, disputando o campeonato da primeira divisão.
Ninguém falava em outra coisa, a não ser na excelente campanha sambentistas, na
sua classificação. Em qualquer parte da cidade o assunto obrigatório era o São
Bento.
O farmacêutico, que nunca
tinha visto um jogo ou um treino do São Bento, acabou também ficando com o São
Bento na cabeça.
Sabem o que aconteceu?
“Seo” Edgard, mesmo sem saber
o que era futebol, acabou sonhando que estava jogando no São Bento. Aí veio o
“desastre”: no sonho, chutou, forte, uma bola, bateu no peito do pé contra a
ferragem da própria cama… e quebrou a pé!
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Na noite de terça-feira
última (18/6/1974), aconteceu fato mais ou menos
idêntico. Só que não foi com o ex-vereador. Foi comigo mesmo.
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Após o jogo do Brasil contra
a Escócia, muita gente mostrava-se inconformada com o resultado de 0x0.
Aqui na redação, todo mundo
dava seus palpites, mostrando desalento e criticando Zagalo. Eu comentava com
os redatores e gráficos, que Zagalo deveria ter tirado Paulo Cesar, fazendo
entrar Edú em seu lugar. E que jamais deveria ter mandado sair Leivinha,
conservando Mirandinha, que nem havia visto a cor da bola.
Todo mundo era técnico.
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Findo o serviço normal, o
assunto empate acabou ficando preso lá dentro de minha massa cinzenta ou
melhor, do subconsciente.
Teria que “estourar” aquilo
que estava “guardado”. E de fato, “estourou”. Justo quando me encontrava
dormindo.
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Aqueles quadros e aquelas
imagens que todos haviam visto nos vídeos, durante o jogo Brasil x Escócia,
passaram a ser por mim vividos durante o sonho.
Eu estava lá, no banco de
reserva.
Leivinha atirava contra a
trave. Rivelino perdia a chance excepcional.
O técnico não era Zagalo. Éra
o monsenhor Majela.
E foi aí que o tecnico mandou
eu entrar em campo, no lugar de Paulo Cesar, mandando Leivinha e Mirandinha
trocarem de posição.
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Nunca joguei tanto futebol
assim.
Entrei com a fúria de um leão
no campo e cocei a receber bolas de Rivelino e Nelinho.
Driblava com facilidades os
gigantes da defesa escocesa. Infiltrava-me até as imediações da grande área e
arrematava com sucesso.
Joguei um “bolão”.
Marquei quatro gols para o
Brasil e resolvi a partida.
Foi aí que acordei…
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