Task Force 45 (24 de maio de 1974)
Era uma terça-feira, dia 21
de novembro de 1944.
Encontrava-me, como
integrante do Pelotão de Transmissão do III Batalhão do 6º. Regimento de
Infantaria, numa casa abandonada, localizada numa contra-encosta da cidade de
Volpara, próximo a um cemitério abandonado, parcialmente destruído por obuzes
de morteiros das tropas alemãs.
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Seriam mais ou menos 10 horas
da noite, quando o III/6º. principiou a ser substituido, por tropas do II
Batalhão do 1º. Regimento de Infantaria.
A operação de substituição
das tropas, no “front” que se extendia numa distância de uns oito quilêmetros,
foi morosa e cautelosa, para não despertar as atenções do inimigo.
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Antes de duas horas da
madrugada, a mudança completou-se, tendo eu descido a contra-encosta,
juntamente com os outros 21 companheiros do Pelotão, para alcançar o novo
objetivo de parada: “Casa di Christo”, às margens do Rio Reno, entre as
localidades de Silla e Marano.
Por volta das 4 horas,
atingido o novo local, distanciado da linha de combate, acomodei-me, juntamente
com os demais, num quartinho sujo, com palhas de milho espalhadas pelo chão,
servindo de colchões. Todos dormindo juntos, vestidos, calçados, armados, sujos
e suados, imundos como porcos.
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Na manhã seguinte, enquanto
aguardavamos que aparecesse o “camburão” de café, o Tenente Dantas Borges
chamou-me:
- Cabo, você foi um dos
poucos do 6º. Designado para integrar a rêde de comunicações dos Exércitos
Aliados, subordinada à “Task Force 45”.
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Eu nem sabia o que seria
“aquilo”, mas como o soldado cumpre ordens sem reclamar ou ponderar, calei-me
concordando, receioso de não poder desincumbir-me da nova e desconhecida
missão.
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No dia 23 de novembro de
1944, deixamos “Casa di Christo”, por volta das 14 horas, rumo à Silla e de lá
em direção à Monte Castello, cujas posições inimigas eram desconhecidas e nosso
Batalhão seria a primeira unidade militar a atacar, estabelecendo o primeiro
contacto com os soldados alemães.
Só nas últimas horas da noite
é que consegui chegar ao meu destino, uma casa próxima à Igreja, numa situação
desesperadora, ante o cerrado fogo das tropas inimigas.
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No dia seguinte, sexta-feira,
24, fui obrigado a deslocar-me até um porão de uma casa destruída por
bombardeios inimigos. Lá funcionava uma estação da Task Force 45, integrada por
soldados ingleses e americanos, do “2nd Group Armored of 5th American Army”.
Foi para mim uma verdadeira
“fogueira”, dialogar em inglês e travar contacto com têrmos militares
desconhecidos, códigos e senhas até então não utilizados, recebendo as
responsáveis instruções das novas funções.
Regressei, conduzindo
inclusive dois pombos-correio, que teria que soltar no dia imediato, cada um
portando mensagem específica das atividades da noite que se avizinhava.
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Passei a não funcionar mais
como os meus companheiros de Pelotão e sim sozinho, “penando” e sofrendo com as
novas funções de transmissões por rádio, em grafia e em fonia, tudo em inglês,
ficando desesperado e quase maluco.
No final, percebi que bem
havia desincumbido a missão, vez que mereci elogio individual pelas novas e
defíceis atividades.
Prova que tenho em meu poder
xerox extraído das alterações militares americanas, fornecidas que me foram
pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos da América do Norte.
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A lembrança que originou o
presente escrito ocorre-me pelo fato de ser hoje o Dia do Telegrafista.
Aqui, pois, minha homenagem
ao Telegrafista e o Radiotelegrafista brasileiro, nas pessoas dos homens do
“Morse” de nossa cidade.
Extraído do Correio de Marília de 24 de abril de 1974
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