O que pensam os outros (21 de maio de 1974)
Sábado último (19/5/1974) participei de uma feijoada no Restaurante
“O Carretão”, no quilômetro 289, da rodovia BR-153.
O almoço fez parte de uma
reunião que se convencionou denominar de “I Encontro de Imprensa e Rádio de
Marília e Ourinhos”.
Em termos de reunião
prevaleceu a premissa de cordialidade e congraçamento, eis que, assuntos
relacionados diretamente às funções, profissiões ou trabalho de jornalistas e
radialistas, não foram previamente pautados.
--:--
Valeram as intenções no
entanto e a feijoada oferecida pelos proprietários do estabelecimento, Mauro e
Antonio, esteve supimpa.
O horário estabelecido era
meio dia e como é meu hábito a pontualidade, cheguei momentos antes.
Lá encontravam vereadores de
Ourinhos e Ocauçu, representando os Poderes Legislativo e Executivo das
referidas cidades.
Também o sr. Márcio A.
Bonifácio Couto, prefeito municipal de
Lupércio. O referido alcalde é um dos mais jovens do Brasil a ocupar o cargo de
prefeito municipal, eis que, presentemente conta apenas 26 anos de idade.
--:--
É perfeitamente normal que o
homem fale por gosto aquilo que executa ou sobre cargo que exerce. Assim, o
açougueiro conversa sobre o ramo com um colega, o médico discute assuntos sobre
medicina com outro médico, o alfaiate fala sobre o feitio de calças com outro
alfaiate, e, assim por diante.
Lá, nesse grupo citado,
constituído por políticos, o prato da
conversa, antes do prato da mesa propriamente dito, foi política.
--:--
Um jornalista presente,
embora não tivesse declinado sua paixão e pendência doutrinária, deixou
transparecer seu modo de pensar, ao indagar-me da situação atual, politicamente
falando, de Doretto, Torrecilla e Quércia.
--:--
Um vereador ourinhense
falando sobre a Câmara daquela cidade, explicava-me que a Edilidade de
Ourinhos, aprovava diretamente, todos os projetos oriundos do Executivo.
--:--
Um outro edil, também de
Ourinhos, nesse contacto improvisado enquanto se aguardava maior presença e a
hopa da “boia”, perguntaram-me se a Câmara Municipal de Marília “tinha
melhorado”.
Respondi-lhe, que, no
julgamento geral, a edilidade local tinha perdido parte de seu conceito para
com o público observador, mas que as coisas haviam tomado rumo diferente mais
recente e que tudo parecia prenunciar um clima de harmonia completa entre os
dois Poderes.
Aguardei oportunidade para saber
do referido político, o fundamento que lhe dera base para indagar se a Câmara
“tinha melhorado”.
--:--
Quando a oportunidade se
apresentou, fiz a indagação e a resposta veio rápida e franca:
- Presenciei certa feita uma
sessão da Câmara de Marília. Fiquei abismado com o que ouvi, de certos
vereadores da tribuna, coisas que em Ourinhos não acontecem. Vi e ouvi
vereadores falarem besteiras na tribuna, “metendo o pau” no prefeito, chamando
o Chefe do Executivo de “prefeitinho”, fato que me fez ficar admirado e
surpreso, pela falta de respeito e ética parlamentar.
--:--
Não pude desmentir e nem
justificar o vereador ourinhense.
Ele tinha razão, porque no
passado aconteceram coisas desagradáveis e verdadeiramente contundentes em
nossa Câmara.
Vai dai…
Extraído do Correio de Marília de 21 de maio de 1974
Comentários