Engenharia biomédica (28 de maio de 1974)
Um dia destes, palestrando
com o pediatra mariliense, Dr. Euripedes Battistetti, indaguei do mesmo o que
vinha a ser “biomedicina”.
Justifiquei o por que da
pergunta:
Tendo conhecido em Brasília
determinado cidadão, por sinal muito bacana e comunicativo, no decurso da
palestra, informou-me o mesmo ter concluído o curso de biomedicina.
Confesso que não atinei sobre
a especialidade profissional, mas não deixei transparecer ante esse novo amigo,
minha total ignorância. Por essa razão, mais tarde, perguntei ao Dr.
Battistetti o fato que estou contando.
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Deparo-me agora com uma outra
expressão profissional indicativa, que se chama “engenharia biomédica”.
Também não sabia da
existência desse “negócio”. Agora sei.
“Engenharia biomédica” é a
combinação de talentos, de engenheiros e médicos, no arquitetamento,
experiências e construção de instrumentos médicos, para diagnóstico e prevenção
de doenças, bem como para tratamento e restauração de pacientes.
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Na cidade de Shenandoah,
Virgínia, Estados Unidos, existe um conservatório musical. O que não representa
nenhuma novidade, pois toda cidade de grau mais ou menos adiantado, tem o seu
conservatório musical.
Mas o referido conservatório
apresenta um fato “sui generis” em seu corpo discente. Um fato digno de
registro, de admiração.
Um dos alunos do curso de
piano daquele estabelecimento, Jerry Cleveland, de 20 anos de idade, executa
peças clássicas, com a utilização de um dispositivo mecânico, que substitui o
braço e uma das mãos, perdidos num acidente.
O referido fato representa,
em termos práticos e objetivos, uma conquista vitoriosa, dessa especialidade
médica, relativamente nova e por muitos desconhecida até aqui.
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Mas há outro exemplo, outro
caso análogo.
O Dr. Lowel W. Rogers, de 27
anos, é médico-patologista, residente, do Hospital da Universidade Johns
Hopkins, em Baltimore, Maryland, Estados Unidos.
O Dr. Rogers teve sua mão
direita amputada, tendo sido substituída por um tipo de dispositivo eletrônico.
E o patologista trabalha normalmente, com esse dispositivo, mexendo e utilizando
todos os seus complexos instrumentos médicos.
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Graças, portanto, a essa nova
ciência, agora conhecida como “engenharia biomédica”, as duas pessoas citadas
executam normalmente atividades que exigem o emprego das mãos apesar de não
possuí-las.
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O maior laboratório de
engenharia biomédica encontra-se nas imediações de Washington, na sede do
Instituto Nacional de Saúde, órgão do Governo Norte-Americano, que se dedica à
pesquisa de saúde.
Mais de cem universidades
norte-americanas estão oferecendo cursos de engenharia biomédica, subindo a
três mil o número de organizações particulares, que operam laboratórios de
pesquisa nesse setor, naquele país.
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Se não trata, percebe-se, de
simples aparelhos de ortopedia, que são utilizados como uma espécie de
terapêuta auxliar de membros, mas sim, de aparelhos que substituem funções
executadas por membros humanos.
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Há outro lado a ser
analisado: o lado do otimismo, da esperança, da perseverança e da própria fé.
Fé na ciência e
auto-confiança, sem complexos egocêntricos.
E a gente, tendo conhecimento
desse avanço maravilhoso da ciência hodierna, fica pensando, em tantas
criaturas humanas que por aí existem, e, que, por razões físicas
insignificantes, comparativamente com esses dois casos, servem disso como
pretexto, para não trabalhar, para soterrarem-se elas próprias, na indiferença
e na pusilanimidade.
Extraído do Correio de Marília de 28 de maio de 1974
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