Desculpem a “bronca” (18 de maio de 1974)
Meus leitores perdoem e
desculpem esta “bronca” de minha parte. Se a culpa deles não é, tão pouco
minha.
Há um erro interpretativo,
que por vias indiretas chega a envolver a própria História do Brasil. Um erro
que confunde, mas que tem acentuação profundíssima aqui em nosso Estado.
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É claro, parte o erro de
escalões superiores. Desse erro, redunda melhor falta de esclarecimento às
nossas gerações, especialmente os escolares.
A culpa não é dos leitores,
está certo.
Mas não é também minha.
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No próximo dia 23 será
comemorado o Dia do Soldado Constitucionalista. A efeméride só tem destaque no
Estado de São Paulo.
A homenagem é justa. A
reverência também.
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Por ocasião da Revolução de
1932, eu mal havia saído dos cueiros e nem siquer frequentava o curso primário.
Moleque da roça, nem poderia atinar com o movimento constitucionalista.
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Todos os anos, seguidamente,
meus amigos e leitores procuram-me para dissertar sobre essa data, sobre o
soldado constitucionalista, bem como para oferecer subsídios a trabalhos
escolares.
Bolas! Eu não tive nada com
isso.
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A confusão origina-se desse
erro informativo, que consolida-se em erro generalizado, envolvendo a maioria
de nossas gentes.
Estão confundindo a
participação de cidadãos nesse movimento revolucionário, como os ex-combatentes
da II Grande Guera Mundial, os “pracinhas” da Fôrça Expedicionária Brasileira.
Este é o meu caso. Eu sou
ex-combatente. Sou “pracinha” da FEB.
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Há uma diferença muito
distante entre o soldado constitucionalista e o pracinha da FEB.
Nas duas classes residem
méritos. Mas são coisas diferentes.
O soldado constitucionalista
é fruto de um patriotismo eminentemete paulista. Participou, por assim dizer, de
um movimento político, intestino.
O ex-combatente, o “pracinha”
da FEB, integrou o Exército Brasileiro, o que vale dizer, uma tropa armada, com
comando militar, com esquema e plano estratégico e esquemático de guerra. Lutou
no exterior. Ao lado das Nações Aliadas, de cujos exércitos fez parte.
Muita diferença.
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O erro é de origem. Pertence
a escalões superiores, inclusive confundindo professores e alunos, gerando um
espírito de ânimo genérico, fazendo-se a maioria pensar que é tudo a mesma
coisa.
E não é.
Batatinha é batatinha, cebola
é cebola.
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Nesta “bronca”, um apelo:
Aos leitores, aos
professores, aos alunos marilienses: procurem discernir as duas classes,
atendo-se ao fato de que Soldado Constitucionalista é uma coisa e Ex-Combatente
da Força Expedicionária é outra.
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Desculpem a “bronca”.
Mas por favor, não confundam
um e outro, dessas duas classes.
Extraído do Correio de Marília de 18 de maio de 1974
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