Problemas Mirins (23 de abril de 1974)
O homem, quer pelo seu
raciocínio natural ou pelo bom senso ou quer pelas experiências decorrentes das
necessidades do mundo hodierno, que nada a repetição continua dos atos de
nossos avós, preocupa-se sempre com os seus problemas – os grandes problemas.
Quase seguidamente relega à
plano de somenos importância os problemas pequenos, os problemas mirins.
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No entanto, a existência
humana é de igual módo ocupada tanto pelos grandes problemas, como pelos
problemas mirins, embora estes, aparentemente, não sejam dignos de uma grande
preocupação. Muitas pessoas são de opinião de que as preocupações encurtam a
vida e só se aborrecem quando assuntos de grande responsabilidade prende-lhes
as atenções. É um erro tal proceder.
Esses pequenos problemas são
pequenas coisas que giram em torno do homem, assim como os satélites em volta
do sol. E nem sempre o homem procura aperceber-se de tal.
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Pequenas coisinhas,
originárias das próprias atividades cotidianas, vão formando aquele conjunto
étnico do gosto doce ou amargo de uma existência. Como um bazar de
quinquilharias, as miudezas de desventuras, fracassos, felicidades, amores,
desgostos, etc., vão se acumulando, fazendo crescer o estoque, que, devidamente
contrabalançando, vem apresentar, não os problemas mirins, mas sim os grandes
problemas de cada indivíduo de nossos dias.
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Então, urge a necessidade
sensata, de transformar-se os problemas mirins em êxito. Mas isso não é lá
muito fácil. É realmente difícil contornar-los;
a não ser que exista uma dose de fé e otimismo, de força de vontade, e,
às vezes, até de resignação, esses problemas mirins irão aumentar o
armazenamento das quinquilharias já acondicionadas.
Para a solvição imediata para
evitar-se que venham, logo mais, a tornarem-se adultos, a constituirem-se em
grandes problemas, é mister solvê-los logo. Então é o caso de contradizer o
mode de pensar de muitos, quando afirmam que “as preocupações encurtam a vida”.
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Isso, no entanto, só será
possível com o esforço e a boa vontade, da sensatês e de átos comedidos. Senão,
nada feito.
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Então, os homens que se
preocuparem com esses pequenos problemas, esses problemas mirins, se tiverem
forças suficiente para contorná-los, para resolvê-los sábia e eficientemente,
por certo desfrutarão de uma existência melhor, e, a despeito do paradoxo das
necessárias preocupações que tais problemas lhe advirão, viverão mais
sossegados e mais felizes.
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PS – Este artigo foi
publicado nesta mesma secção, neste mesmo jornal no dia 8 de abril de 1954,
tiragem número 6.854, numa quinta-feira.
Tem vinte anos, portanto,
esta publicação.
Sua reprodução calha-se com
as atitudes de algumas pessoas locais e daí a razão de sua lembrança.
Extraído do Correio de Marília de 23 de abril de 1974
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