Outro velho companheiro (16 de abril de 1974)
Em um escrito anterior, “A
lembrança de um homem” (veiculado em 10 de abril de
1974), focalizei a pessoa de um velho companheiro já falecido: o sr. Raul
Roque Araujo, co-fundador e ex-diretor-proprietário deste jornal.
Hoje vou focalizar a
personalidade de um outro velho companheiro, bem vivo e gozando excelente
saúde.
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Quando comecei a trabalhar no
“Correio”, em 1.946, travei conhecimento com um tipógrafo jovem, magro, muito
atencioso, muito educado e profissionalmente muito competente.
Ele havia ingressado no
jornal alguns anos antes, o que vale dizer, está já contando mais ou menos 32
anos “de casa”.
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Um empregado que permanece no
mesmo serviço, durante mais de 30 anos consecutivos, sem falhas, sem sofrer
penas disciplinares, sem necessitar de que os chefes o observem ou o admoestem,
ou o chamem a atenção – não resta dúvida – é um funcionário excelente e
exemplar.
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Ele é amigo de todos aqui no
jornal. Não é homem de disque-disque. Não se mete com a vida de nenhum colega.
Sabe respeitar e considerar todos os companheiros de trabalho, desde o gerente,
os funcionários de redação, até os simples e humildes jornaleiros.
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Entende de artes gráficas e é
zeloso e interessado em suas obrigações, sempre preocupado em fazer o melhor,
da mais eficiente maneira. Sabe compor matérias tipográficas, sabe fazer fôrmas
de anúncios, sabe imprimir jornal, conhece e entende tudo o que se refira à uma
tipografia. Ainda “quebra o galho”, quando necessário, como revisor e até como
linotipista.
É tão humilde que vive e
transpira nosso jornal.
Tão simples, que havendo
necessidade, ele não tem o mínimo acanhamento de apanhar uma vassoura e varrer
as oficinas.
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Trata-se, evidentemente, de
um companheiro muito leal e muito bacana.
Além do mais, popularíssimo
em toda Marília.
E dezenas de cidades outras,
também.
Ele é uma força de
comunicação.
Esse velho companheiro, é o
Sr. Waldemar Moreira, o inconfundível Nhô Constâncio.
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Dublê de gráfico e
radialista, Nhô Constâncio atua na Rádio Verinha e tem uma legiãoo de ouvintes
das mais expressivas da cidade. É o Nhô Constâncio um elo de ligação, entre a
cidade e os habitantes da zona rural, especialmente nossos humildes, sinceros e
laboriosos lavradores.
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Até as autoridades sabem
disso:
Não existe mais fácil e mais
efetivo meio de comunicação entre a população rural e a cidade do que Nhô
Constâncio.
Isso já foi muitas vezes
provado e comprovado.
Quando se precisa esclarecer
a população rural, sobre a necessidade de presença no Mobral; da conveniência
da vacinação das crianças; do dever eleitoral; da obrigação informativa aos
censos demográficos – meio mais efetivo para essa comunicação é o Nhô
Constâncio.
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Nossos sertanejos têm
verdadeiro respeito e adoração por esse velho companheiro.
Entre nossos caboclos da
roça, o que o Nhô Constâncio disser é o que mesmo que uma Lei.
Nhô Constâncio continua sendo
a fôrça radiofônica mais ouvida do município. Seu poder de comunicação é
simplesmente extraordinário e fóra de série, um dos maiores IBOPE da Alta
Paulista.
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Seu linguajar acaboclado nada
tem de imitativo ou de forçado. É naturalíssimo, próprio da cidade e região em
que nasceu. Próprio dos bons brasileiros, pois Nhô Constâncio é natural de
Bragança Paulista, embora tenha nascido no Dia de Marília, 4 de abril.
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