Diabo não é tão feio como se pinta (05 de abril de 1974)
Reconheço que o epígrafe da
croniqueta de hoje é “meio besta”. Reconheço mais, que o leitor, provavelmente,
possa ter ficado algo encabulado com o mesmo.
Mas apropria-se e tem encaixe
por aqui.
Sua expressão afirmativa,
óbvio é, tem um sentido figurado.
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Não sei se o tal de diabo tem
chifres, pés com bi-casco, cavalhaque, rabo, orelhas ponteagudas para o alto e
fede a enxofre.
E nem quero saber.
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Meu assunto, aqui, é outro.
Meu assunto é Marília. Melhor
grifando, a atual política mariliense. Frisando ainda, nossos dois Poderes Municipais:
Prefeitura e Câmara.
Quando se fala em Prefeitura,
subentende-se o senhor Prefeito. Quando se menciona Câmara, subentende-se os
senhores Vereadores.
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Toda Marília tem conhecimento
das turras caracterizadas e generalizadas, que se tornaram públicas, envolvendo
Prefeitura e Câmara. Gastos intempestivos vieram à baila, inclusive com
citações nominais.
Os efeitos, como não poderiam
deixar de ser, dividindo opiniões, formaram dois lastros, reforçando um lado e
enfraquecendo outro e vice-versa.
Os resultados, outros não
poderiam ter sido gerados, senão envolucrar de negativismo a própria engrenagem
do progresso e da continuidade normal do trabalho mariliense, agravados, ainda,
com repercussões de mais de uma interpretações, fora das fronteiras do
município.
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Se tivesse prosseguimento o
referido proceder, de bi-lateral aspecto, com a mesma intensidade que se
projetou há pouco tempo, só o lamentar deveria ser o medicamento dos
marilienses, especialmente dos marilienses autênticos, que de fato gostam, amam
e pulsam por esta cidade.
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Mas, segundo se pode
perceber, a clarinada da razão e do bom senso, conseguiu, pelo menos
aparentemente, fazer éco nos consensos das duas alas desses mesmos citados
Poderes.
Esboça-se uma reunião secreta
para ter lugar na Câmara Municipal, na qual deverá ser estabelecido um diálogo
em termos francos, respeitosos e elevados, entre o Prefeito e os senhores
vereadores.
Isso já é um bom sinal.
Um sinal de que o diabo não é
tão feio quant o pintam.
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Que se realize, pois, essa
reunião.
Sem retaliamentos pessoais,
tendo como azimute, unicamente o bem e o porvir de Marília.
Da parte de quem provado
ficar existir erro, que venha a existir a suficiente ombridade de seu
reconhecimento.
O reconhecer a impulsividade
de erro ou atitude impensada, em nada diminui o homem. Antes, pelo contrário,
eleva-o e dignifica-o.
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Que se pense, antes e acima
de tudo, em Marília.
O egoismo pessoal deve ser
alijado desse conclave. A harmonização da linguagem dos dois Poderes é um
imperativo do próprio interesse da cidade e de toda a família mariliense.
A sequência da desarmonia
política entre os dois Poderes continuará provando caturrices individuais e
constituindo-se em razões fortes (e condenáveis), de frutois e efeitos
contrários aos próprios interesses da cidade.
É bom que nisso se pense.
É bom que mais se pense em
Marília e no seu laborioso povo. Porque, se não vingar em resultados esperados
essa reunião, inevitavelmente serão adicionadas mais achas de lenha na fogueira
dos desentendimentos e disso só advirão porvindouros e desastrosos resultados
para a própria cidade.
Por outro lado, prevalecendo
o bom senso, os bons intentos e a prova irreversível de amor para com as coisas
e as causas da cidade, todos nós estaremos lucrando, porque os benefícios
diretos e indestrutíveis, serão de Marília.
E isso é tudo o que pretendem
os bons marilienses.
Câmara e Prefeitura estão,
portanto, na obrigação de provar que o diabo não é tão feio quanto é pintado.
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