Coisas loucas ou de loucos (17 de março de 1977)
Não, se não trata de coisas
de pescadores hoje.
Sim, de loucos, ou de coisas
loucas.
Mas coisas de loucos que não
são desvariados, nem desmiolados, nem desequilibrados, nem loucos mesmo.
É isso aí.
O Dr. Badra, no passado,
quando se referia a um fato impressionante, notório, extravagante ou diferente,
não titubiava em afirmar:
- É uma coisa de louco!
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Quando um grupo de homens está
reunido por acaso numa esquina, ou na frente de um bar, ou defronte um banco,
palestrando despreocupadamente e passa uma moça, ou uma mulher, bonita,
atraente, bem vestida, de corpo bem feito, podem estar certo de que um deles se
referirá à mesma dizendo aos outros:
- Veja que coisa louca!
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Meu amigo Anselmo (Scarano), aquí do jornal, é dotado de um espírito
incomum de improvisações alegres e autêntico “expert” em pregar peças.
Certa feita, um cidadão
passou a assediá-lo, tentando convencê-lo a comprar um sítio. O Anselmo foi
“cozinhando” o outro, levando o caso em brincadeira e o outro, sonhando com um
negócio rendoso e uma polpuda corretagem, começou a “pegar no pé” do Anselmo.
Um dia, quando o distinto se
aproximou, o Anselmo nem o deixou abrir a boca. Disse o Anselmo: “Vamos ver, se
o preço for bom, o negócio é feito”. E empurrou o corretor dentro do carro.
Subiu no volante e quando o outro ia falar algo, o Anselmo atalhava: “Não
precisa conversar. Sou de pouca conversa. Se o negócio for bom, está feito”.
E movimentou o veículo.
Parou diante de uma
residência. Desceu e mandou o outro descer. Quando o outro ia falar algo, o
Anselmo insistia: “Não precisa conversar. Sou de pouca conversa”. E entrou num
corredor, sendo seguido pelo outro. Pararam ambos diante de um sanitário que
servia diversos prédios, inclusive um ponto de automóveis. Sanitário sujo,
imundo, fedorento. O Anselmo parou e ficou olhando o outro. Este sem saber,
olhava para o Anselmo. E foi aí que o jornalista perguntou: “Quanto você quer?”
O outro não entendeu e o
Anselmo insistiu: “Quanto você vai cobrar para lavar o banheiro?”
O corretor caiu das nuvens:
“Seu Anselmo, eu quero vender um sítio” – falou.
E, o escriba, então: “Pensei
que era para lavar a privada… porque você não falou?”. O homem limitou-se a
responder, sem jeito algum: “O senhor não deixou eu falar”.
Os dois tomaram o carro,
chegaram defronte a redação, o Anselmo entrou fazendo força para não rir. O
outro desceu do carro, todo desenxabido e saiu sem jeito, resmungando consigo
mesmo: “Esse cára é lôco”.
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Foi alguns anos atrás. Havia
crise de água na cidade. Indústrias procuravam o líquido no Rio Tibiriçá. E uma
firma local conseguiu um tanque desses utilizados em carretas que transportam
combustível. Colocou o tanque sobre a carroceria de um caminhão, indo buscar
água no rio.
Acabou acontecendo o
impossível. Ao manobrar o caminhão que conduzia o tanque, este acabou
escorregando da posição e indo cair. Por uma coincidência rara, o tanque caiu a
carroceria de uma camioneta que estava estacionada. E “arregaçou” o pequeno
veículo, ficando sobre a carroceria e a cabine.
Enquanto se providenciava as
medidas necessárias para solucionar a questão, alí ficou um empregado, tendo
sido retirado o caminhão que causou o acidente. De modos que ficou a camioneta
e o tanque sobre a mesma.
Quem passou a seguir foi um
japonês dirigindo um fuscão. Parou e ficou admirado, em ver o tanque maior,
sobre a caminhota, menor. E perguntou. O empregado, muito “gozador” disse que
estava tentando adaptar o tanque na caminhoneta, mas que não conseguia, porque
o tanque era muito grande.
O japonês olhou assustado e
afastou-se, dizendo consigo mesmo:
- Esse hóme tá rôco.
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Um empregado do DER, lá na
vila São Miguel, há muito, habituou-se a dizer: “Ô lôco, né véio?”.
E a “moda” acabou pegando.
Mas quando chegou ao
conhecimento do japonês que tem um bar lá na Castro Alves, este não soube dizer
o termo como deveria e continua dizendo:
- Tá rôco ocê, béio.
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