Coisas de pescadores (15 de março de 1977)
Pescar é um lazer. Uma
higienização mental – para os ricos. Ou uma lavagem mental – para os pobres.
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A pesca geralmente é
representada por dois bobos: um na ponta da vara e outro na ponta da linha.
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Muito mais idiota que o
pescador, é um sujeito que fica horas e horas, olhando para o outro pescador
não pescar coisa nenhuma.
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Uma coisa, todavia, é certa:
a trouxa que se fotografa com os pés sobre uma caça abatida, só pode ser
ultrapassado, pelo idiota, que manda tirar sua fotografia, segurando o peixe
que percou.
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O cabo PM Rubens Piccelli foi
o único mariliense, que, até agora, conseguiu pescar uma bola de mortadela
inteirinha – zero quilômetros e em bom estado de mastigação. Perguntem a ele.
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Por razão essa, quando um
distinto voltou a zero da pescaria e procurou a peixaria para comprar um
pintado, só encontrou peixe em tamanho grande. E ante a insistência do
comerciante para que levasse aquele peixe, que era o único pintado, o pescador
justificou:
- Não, esse é muito grande e
ninguém vai acreditar que fui eu quem pescou… dê-me só um pedaço cuns dois
quilos…
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Ninguém sabe, mas a verdade é
que o bacalhau, seja norueguês, ou português, ou de outra qualquer origem, nada
mais é do que uma múmia salgada e comestível.
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Ninguém mais ouviu falar na
exportação de minhocas brasileiras par os Estados Unidos. É que os
norte-americanos inventaram a minhoca de plástico, que dá tão bons resultados
quando as imundas minhocas do Brasil.
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Mas então, tem o caso de um
distinto que estava pescando corimba, no Rio Tibiriçá. Muito quieto, no mais
profundo e absoluto silêncio, o pescador aguardava ansioso, o momento em que o
corimbatá se dispuzesse a aparecer por alí e começar a “mamar” na isca que
estava no anzol.
E como o silêncio era tanto,
tanto mesmo, o pescador pode ouvir a voz de um corimba macho, vinda de dentro
do rio. E o corimba macho, dizia o corimba fêmea:
- Querida, se você não me der
o “sim”, juro que me suicido, engulindo essa isca!
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Mas o azar do pescador,
especialmente o pescador amador, é um dia dizer a verdade sobre pescarias e
ninguém acreditar.
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Por isso, quando aquele
pescador estava plantado na margem do Rio Feio e dele se aproximou um guarda
florestal, o pescador nem se abalou. Mas o policial pediu-lhe a licença para
pescar. O homem não se faz de rogado e entregou-lhe a carteirinha.
O policial florestal olhou o
documento e observou:
- Meu amigo, essa licença já
está vencida. É licença do ano passado.
O pescador não se confundiu e
respondeu sorrindo.
- Ora, seu guarda, isso eu
sei, acontece que eu só estou pescando peixes do ano passado… porisso, tudo
bem.
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Mas o fato é que eu nunca
pude tornar-me pescador, só porque, desde pequeno, minha mãe costumava
dizer-me:
- Meu filho, quem mente vai
prô inferno!
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