Carnaval passou (24 de fevereiro de 1977)
Passado o período dos
festejos carnavalescos, volta-se para a vida normal, de trabalho compulsório
normal também.
Horas estas, muita gente
ainda deve continuar estando exausta, de tanto ter participado durante cinco
noites consecutivas desses folguedos. Em consequência, mal dormindo,
alimentando-se irregularmente e queimando mais energias do que um motor de fim
de vida.
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Nessas ocasiões, até a
gramática sofre alterações, com verbos mudando de significado: o “pular” passa
a ser entendido como “brincar”.
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Nem sempre os motivos de
alegria conseguiram predominar, ditar alto, norteando os objetivos que se
pretendiam aceitar como diretores das festividades.
Para muitos, carnaval é o
mesmo que orgia, o mesmo que “dever” de conseguir bebedeiras, de desligamento
da razão e com isso cometer abusos, excessos e arruaças.
Muitos fizeram isso.
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Desentendimentos, briguinhas,
empurrões, audaram verificando-se a granel. Obrigando a polícia a intervir,
muitas vezes, até com energia, para evitar o disvirtuamento complexo e total.
E que, nos locais onde se
desenvolveram quizilias, existiam familiares outras e gentes outras, ali
presentes, participando das festividades, como de fato deveria isto suceder:
sem maldades e com intentos puros.
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Mas o que é certo é que em
todos os locais onde se congregam muitas pessoas, por certo sempre poderão aparecer
no meio, pessoas mal educadas ou metidas a arruaceiras.
Fora isso, há os que gostam
de abusar e de aproveitar-se de situações que tais. Geralmente são menores, mas
existem marmanjões também nestes casos, a sanha (ou tara?) é “passar a mão” em moças
ou mulheres despreocupadas e desprotegidas.
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Carnaval
é festa de alegria, não de badernas e de bebedeiras.
Como
custa para certa gente perceber isso!
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A
par de alguns elementos que assim procederam é de destacar-se os participantes
bem intencionados, os que procuram fazer desses festejos, uma higienização
mental, um paliativo para as agruras do trabalho comum e cotidiano.
E,
também, um lazer para os que gostam de tal tipo de divertimento.
Nem
todos os participantes carnavalescos podem ser considerados como praticantes de
excessos, porque esta faixa representa uma minoria. Ocorre que é uma minoria
expressiva e de efeitos notórios, que compromete a outra parte, que é exatamente
a maioria e que se comporta com dignidade e respeito.
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E
foi por isso, certamente, que muita gente andou levando empurrões e tabefes?
E
por razões essas os policiais tiveram muito trabalho a executar.
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Será
que chegará um dia em que todos nós saibamos e aprendemos a de fato brincar o
carnaval, sem molestar o próximo?
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O
carnaval passou. Deixemos, portanto, para traz, acontecimentos esses. Agora, é
enfrentar a vida de sempre e só no ano que vem voltar a pensar em Momo.
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