Vocês vão ver… (28 de janeiro de 1977)
Década de 1930.
Getúlio Dornelles Vargas no
poder.
Em sí, o “baixinho” era uma
excelente pessoa. Um bom governo. O que estragava era a curriola que o cercava,
com Tenentes Gregórios e outros
lugares-tenentes.
Considerado o Pai dos Pobres,
tinha uma penetração no prestígio popular, até hoje não olvidada pelos antigos
trabalhistas. Desde 1954, ano de seu suicídio, até hoje, seu túmulo é visitado
por centenas de pessoas na data do seu falecimento, 25 de agosto.
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O advento da era da indústria
pesada deu-se no governo getulista, com a implantação de Volta Redonda.
Dos assalariados de todo o
Brasil, muito devem ao ex-Presidente, face à codificação das Leis Trabalhistas,
de sua autoria. Também as leis de previdência social, com o funcionamento dos
IAPs, hoje Inps.
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Verdade que muitas leis foram
deturpadas e não cumpridas. O próprio Getúlio encarneceu num discurso feito ao
Brasil, numa passagem de ano, com a frase até hoje conhecida de “a lei, ora a
lei…”
Outras foram modificadas,
ampliadas, revisadas, revogadas ou aperfeiçoadas.
Mas um compêndio fabuloso e
rico de leis nacionais nos foi legado por Getúlio Vargas.
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Naquele tempo, tendo Getúlio
permanecido no Poder durante 15 anos consecutivos, muitas gerações criaram-se e
formaram seus intelectos no período getulista.
Só se conhecia Getúlio Vargas
como Presidente da República.
Então, vem a piada:
Era um sujeito muito
apaixonado por futebol.
Corinthians, Palestra
(Palmeiras), Paulistano (São Paulo) e Espanha (Jabaquara) eram os maiores da
ocasião.
Numa conversa com um outro
cidadão, este referiu-se sobre Getúlio ao fanático pelo futebol. Mas o esportista
não sabia nada sobre Getúlio.
E o outro, admirado,
insistiu:
- Como? Você não conhece Getúlio
Vargas? Nem sabem que é?
E o
torcedor de futebol respondeu com indiferença:
Não
conheço, não… só se for jogador de algum time varzeano…
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Dia
outro, fui assistir uma missa de trigésimo dia de falecimento de uma pessoa.
Havia
comparecido ao enterro e também à missa de 7º. Dia. E admirei-me da pequena
presença de amigos do falecido. Só alguns amigos e alguns parentes. Nada mais.
Pensei
com os meus botões:
- É
isso aí; morreu, morreu mesmo…
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Pedro
Sola, o prefeito do século, está para deixar a prefeitura.
Ninguém
é insubstituível.
Poderá
Theobaldo ou outro futuro, até superá-lo em termos de visão administrativa.
Mas
foi um grande, dinâmico e excelente prefeito.
Posso
dizê-lo, pois não devo um favor siquer ao Pedrão e nem ele a mim. Nunca
solicitei gentilezas, favores ou endosos. Nem ele. Estamos empatados.
Por
razão esta, como mariliense, posso fazer tal afirmativa.
Mas,
dia após deixar seu governo, por certo ele terá contra sí, opiniões
desencontradas e incoerentes, de alguns que até há pouco o aplaudiram.
Vocês
vão ver…
Extraído do Correio de Marília de 28 de janeiro de
1977
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