Um cidadão emérito (29 de janeiro de 1977)
Assim que os pracinhas da
Força Expedicionária Brasileira, retornando da Itália, chegaram ao Brasil, o
então prefeito mariliense, João Neves Camargo, enviou um seu representante ao
Rio e São Paulo, com a finalidade de congregar os expedicionários de Marília,
para trazê-los em comotiva, a fim de serem recepcionados e homenageados.
O delegado do prefeito fora o
diretor da Bibliotéca Municipal, professor Basileu de Assis Moraes, que cumpriu
integralmente sua missão.
--:--
Eu encontrava-me dentre os
pracinhas que haviam cumprido seu papel de brasilidade e patriotismo nos campos
de luta da Itália.
Quando chegamos à gare da
Paulista, autoridades e povo alí nos aguardavam.
Palmas, alegria, sorrisos,
abraços… marcaram o encontro dos pracinhas que regressavam do campo de honra.
Incorporados, pracinhas,
autoridades e povo, todos, pararam na confluência da Avenida Brasil, com a Rua
Paraíba, onde no prédio que ainda hoje é o Bar Kambará, foi inaugurada uma
placa, dando a denominação de “Rua dos Expecionários” à mencionada via pública.
Foi nessa ocasião que conheci
o Dr. Oswaldo Rocha Mello, ontem falecido em São Paulo.
O Dr. Rocha Mello fizera um
discurso impregnado de patriotismo, no qual exaltava os feitos dos pracinhas
brasileiros no front italiano e destacava em especial os átos heróicos do Cabo
Marcílio, detentor da medalha “Silver Star” do Exército dos Estados Unidos.
--:--
Após o desfile na Avenida, os
pracinhas foram participar de um banquete, no Líder Hotel, e alí o Dr. Oswaldo
Rocha Mello sentou-se ao meu lado, consolidando o princípio de uma amizade que
então começava a nascer.
Seguiram-se várias
festividades e solenidades dedicadas aos pracinhas e em todos os locais eu
encontava sempre o Dr. Oswaldo, com o qual palestrava e já admirava.
Concluída a programação
festiva, que muito calou nos pracinhas marilienses, retornei a Caçapava, pois
eu ainda não me havia desligado do Exército.
--:--
Tempos depois refornei a
Marília, onde fixei-me em definitivo.
Aí, mais miúde, encontrava-me
com o Dr. Oswaldo Rocha Mello e mais o admirava, especialmente pelo seu
sentimento religioso e a mais completa obtenção de preconceitos.
Era vista em todas as
reuniões de Congregados Marianos, participando de todos os empreendimentos
religiosos e trabalhando cmo um cidadão comum, nas quermesses da Matriz de
Santo Antonio.
--:--
Quando da vinda do Carmelo
Sagrada Família para Marília, o Dr. Oswaldo e sua esposa, dona Amarilys,
incorporaram-se no ról dos primeiros colaboradores da instituição.
Era uma espécie de
co-fundador, de provedor, de patrono, de assessor e de amigo do Carmelo.
Quando de sua mudança para
Brasília, talvez pela minha estreita ligação com o Dr. Oswaldo, ou, quiçá,
pelas referências de dona Amarilys apresentadas à Madre Angela, sempre aquela
religiosa procurava-me, para tentar substituir em alguns momentos e em pequenas
contingências, o ilustre cidadão.
--:--
Além de meu amigo, havia
outro fato que muito me ligava em respeito ao Dr. Oswaldo Rocha Mello. Era ele
Juiz de Paz e a pessoa que celebrara meu casamento civil em 1947.
O quarto título de Cidadão
Benemérito de Marília foi conferido ao Dr. Oswaldo Rocha Mello e sua esposa,
através da Lei número 998, como reconhecimento na cidade e de seu povo, ao
cidadão simples e humilde, pio e cristão, que tratava a todos como irmãos com a
mais completa simplicidade, apesar da clara inteligência e do elevado talento
intelectual que o identificava.
Comentários