Viagem aos Pampas (VII) (7 de dezembro de 1973)
Garças alvas, despreocupadas,
povoam as pastagens sulinas, sarapintandp as côres dos rebanhos vacuns.
Os gaúchos gostam de ser
tradicionais e conservadores. Mesmo as placas de sinalização da “Free Way”, ao
indicarem e identificarem rios e pontes, não mencionam “raios” nem “corregos”,
nem “ribeirões”. Anunciam o vocábulo “arroio”, em vez de “rio”.
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Antes da chegada à Porto
Alegre, tomamos rumo à direita, para economizar percurso. Passando por
localidades como Esteio, Sapucaia, São Leopoldo e outras, chegamos ao anoitecer
a Novo Hamburgo.
Novo Hamburgo é capital do
calçado. Ali existem 13 curtumes e mais de 50 fábricas de calçados. Mas os
preços em lojas de varejo, de calçados masculinos ou femininos, não oferecem
muitas vantagens aos consumidores, pois equiparam-se mais ou menos aos de
Marília.
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Costumes diferentes, lá e
aqui.
Em Novo Hamburgo, o comércio
estava anunciando “melancias de Marília” e os novohamburguenses acreditam que
Marília é a “capital da melancia”.
Lá vi caminhões Scânia
importados da Suécia e Mercedes Benz fabricados na Alemanha e importados pela
Argentina e Uruguai. São diferentes dos nossos. O Scânia, por exemplo, é menor,
com cabine de frente quadrada e motor externamente oculto. O Mercedes possui um
dispositivo na parte trazeira e exterior da cabine, que após uma fácil manobra,
faz “arregaçar” a cabine e assentos para a frente, pondo a descoberto o motor
todo, para trabalhar mecânicos, com uma facilidade extraordinária.
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Nos bares, à guisa de
aperitivo, os ovos cozidos são de apresentação diferente. São descascados
(inteiros) e submersos em água, vinagre, sal e pimenta e conservados em vidros
de boca larga sobre balcões.
O gaúcho não fala “canela em
pó” e sim “canela moida”. Pimenta do reino é “pimenta preta”. Quem pede carona
é “caroneiro”. Carroceria de caminhão é “caixa”.
Poncan lá e “bergamota”.
Nosso “arroz à caipira” para
os gaúchos é “galinhada”.
Apesar da proibição policial,
o jogo-do-bicho tem difusão no Rio Grande do Sul. Pelo menos percebi isso. E os
“bichos” desse jogo gaúcho, são diferentes. Lá “da” pomba, tatú, rato, etc!
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Na manhã de sábado, dia
17.11, após o motorista concluir todos os seus deveres em Novo Hamburgo,
deslocamo-nos para Porto Alegre.
A capital gaúcha é grande e
bonita, de muito trânsito, com um gigantesco viaduto, algo confuso até, que
distribui o trânsito para o centro, para outros pontos sulinos e para a cidade
de Guaiba.
Em Porto Alegre e nas cidades
vizinhas, inclusive nos postos de gasolina, a gente ouve quase que
ininterruptamente, as emissoras de rádio divulgando as músicas de Teixeirinha.
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Muitas outras observações
foram por mim feitas, nessa viagem. Ocorre que a série de sete publicações deve
ser suficiente e ter dado uma noção dessas paragens, especialmente para os
leitores que não conhecem o sul.
O jornal exige que o
profissionao assuma outras posições, focalize outros assuntos, principalmente
os mais palpitantes e mais momentâneos.
Por essa razão, a “Antena”
finaliza com este escrito, este rosário de motivações e observações sobre essa
viagem aos pampas.
Para os que não apreciaram os
referidos escritos, minhas desculpas. Para os qe gostaram de lê-los, meus
agradecimentos.
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