Falta-nos liderança (15 de dezembro de 1973)
Respeito muito meu amigo
Sebastião Mônaco.
Considero-o um moço
distintíssimo, sensível, acessível, inteligente e de fino e fácil trato.
Conheci-o pela vez primeira,
em fins de 1945, ao final da II Grande Guerra Mundial. Mônaco tinha seu
escritório na rua São Luiz. Um de meus manos estudava contabilidade e
trabalhava com Mônaco e foi por intermédio dele que conheci o
advogado-contabilista.
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Mais tarde, Mônaco transferiu
o escritório para rua Prudente de Moraes. Alí, passei a ter maiores contactos
com Mônaco, inclusive prestando-lhe esporadicamente alguns serviços
relacionados com a profissão.
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Mônaco vereador, foi um
legislador e político de alto gabarito. Seus requerimentos, indicações e
projetos de lei, sempre foram ricamente fundamentados em fatos e razões. Sua
voz só se fazia ouvir na Câmara, para a emissão de conceitos razoáveis, com
profundo conhecimento de causas.
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Juntamente com Sebastião
Mônaco, participei da luta de então, pró criação e instalação de uma Faculdade
de Filosofia em Marília. Eu atrav´s das colunas do jornal e ele via tribuna da
Câmara.
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Numa dessas viagens à São
Paulo, Mônaco chefiou uma caravana de estudantes. Jânio era prefeito e Garcez
Governador do Estado. Visitamos o governador e a Assembléia e por uma razao de
viagem do prefeito paulistano, Mônaco e eu tivemos que arcar, de nossos próprios
bolsos, com despesas de alimentação e transporte de grande parte dos
caravanistas.
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Mônaco é um cidadão
insuspeito.
Um mariliense e um idealista.
Póde, inclusive, ser um
futuro deputado mariliense.
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Com o advenáto da Revolução
de 64 e a discriminação dos partidos políticos em duas facções, Rangel passou a
liderar a Arena local. Depois de Rangel, Nelson Cabrini. Mais tarde e até aqui,
Sebastião Mônaco.
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Mônaco é “bom demais” para
liderar e sua bondade e finíssimo trato, alijam por vêzes, a austeridade que em
muitas ocasiões se faz necessária.
Falta hegemonia dentro do
próprio partido, embora isto seja negado. O fracasso de reuniões é uma prova. A
independência de seguimento de normas unas pelos vereadores arenistas, é outra.
A oposição da situação, à própria situação, outra é.
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Marília está na contigência
de não eleger nenhum deputado estadual.
Isto vale dizer, que a cidade
perderá muito. Isto representa que o final do governo Pedro Sola e o início de
seu sucessor, terão dificuldades, por falta de um “procurador” nas hostes
administrativas do Estado.
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Fernando Mauro foi de fato um
líder político.
Para isso, era “raçudo”,
embora intempestivo e temperamental. Mas liderava.
Aniz Badra foi outro líder.
Este, mais habilidoso, mais diplomata. Com a credencial de timoneiro da luta
municipalista, era um líder também.
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Falta a Mônaco, o dom de
exigir mais. De impor mais. Politicamente falando. Política é uma arte mas
entre muitos brasileiros é uma artimanha.
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Sebastião Mônaco deve fazer
valer a sua autoridade de líder político. As diretrizes arenistas são claras e
objetivas. Não há razões para disvirtuamento ou arrepio das mesmas.
Especialmente agora, quando a
situação reclama que se fale mais alto em têrmos de Marília.
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No baile todos devem dançar o
mesmo rítm. Esse negócio da orquestra tocar um samba e um par dançar valsa e
outro bolero, acaba fazendo com que os assistentes não fiquem entendendo nada…
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