Influência dos mendigos (13 de novembro de 1973)
Entre nós, um fenômeno
existe.
Ultimamente vem ganhando
forma e características crônicas e condenáveis.
Que se traduz no
perpetuamento de pedir, de rogar, de implorar, no aguardo de obséquios alheios.
Favores que jamais se
converterão em realidade, mesmo porque inexistirá a razão fundamental de seus
atendimentos.
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Nossa cidade, sempre foi um
eterno paraíso de pedintes.
As coisas estão caminhando à
tal têrmo e ponto, que Marilia penderá também, no terreno moral e político,
para a condição de pedinte.
A cidade, de acordo com o que
se percebe e a julgar pela situação e “modus operandi” da política local, somados
à indiferença de muitos marilienses, com um salpico indisfarçável de desamor à
terra, irá (mais uma vez), pedir, mendigar. Não nas ruas, não nos bancos, não
nas repartições públicas, não nas portas de residências.
Terá de pedir, de chapéu na
mão.
Pedir à políticos estranhos,
profissionais, caçadores de votos, aventureiros enfim, que jamais conseguiram,
puderam ou interesses provaram, de amor por Marília.
A influência dos pedintes,
vai mostrar a submerção de Marília, na necessidade de pedir também.
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Tudo isto decorre, da falta
da mais comezinha organização sócio-política da cidade, que exige, para a
eleição de um lídimo deputado, a indicação de candidato único. Mais ainda, o
cerco, prestigio e votação mariliense, em favor desse hipotético candidato
único da cidade.
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Com as perspectivas palpáveis
existentes e até agora imutadas, prevê-se a viabilidade de intenções, do
lançamento, indicação e apôio, de mais de um nome.
Essa circunstância,
adicionada ao desvio inevitável de votos marilienses para candidatos
alienígenas, garante, por antecipação, o fracasso político mariliense, com a
repetição de fatos pretéritos e a não eleição de seu legítimo candidato.
A influência dos pedintes, em
terreno antagônico, virá, inevitavelmente, tornar Marília em pedinte também.
Com a desvantagem de que os
mendigos e falsos mendigos, sempre conseguem alguma coisa e que Marília não irá
conseguir.
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Não se faz sapatão com couro
de pulga.
Também se não tapa o sol com
peneira.
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Um candidato, para ser eleito
deputado, deverá conseguir uma cotação de um mínimo de 25.000 votos.
Marília, dividindo seu
coeficiente eleitoral, entre mais de um candidatos locais e distribuindo o
restante de seus sufrágios aos candidatos de fora, como sempre fêz, não irá,
por nada do céu e nem da terra, eleger seu representante.
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Desejo estar equivocado nesse
modo de entender.
Mas se me não enganei no
passado...
Oxalá esteja errado.
Oxalá.
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Sem um deputado, Marília não
terá sua liderança política, seu advogado de defesa, na Assembléia Legislativa.
Restará ao prefeito (atual e futuro), andar qual cigano, de chapéu na mão,
pedindo como favores, o que direito devido é ao município.
E não sejamos ingênuos a tal
ponto, de acreditar que Dabus, Agnaldo, Dualibi, Sólon, Pinheiro e outros, que
daqui levam todos os pleitos preciosos e ricos votinhos, irão defender Marília.
Eles jamais fizeram isso.
Quando muito, nas vésperas
eleitorais, movimentam-se, para engordar, usando o falso mandato de
“trabalhadores por Marília”. Como até aqui tem acontecido. Como está
presentemente acontecendo.
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Depois da fritura dos ovos,
não irá sobrar nenhuma gordura. Existem exemplos concretos disso.
Os culpados, os que
facilitarem desses fatos, não aparecerão, nem serão identificados.
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A guisa de consôlo, restarão
duas desculpas, para justificar a condição de Marília-pedinte:
Primeiro: “ripar-se” o
prefeito, que nada conseguirá por não possuir Marília seu legitimo
representante.
Segundo: culpar o técnico
Urubatão.
E estamos conversados!
Extraído do Correio de Marília de 13 de novembro de
1973
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