Uma rua para um pracinha (11 de outubro de 1973)



Por força de dispositivo legal, não mais à Câmara e sim à Prefeitura, cabe a prerrogativa, de nominar as ruas da cidade, ou de propor a substituição, troca ou retificações de denominações de praças ou vias públicas.

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Os pracinhas de Marília, sempre foram olvidados e raramente lembrados os seus feitos heroicos, comprovados de armas em punho, no s campos de batalha da Europa.

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Todas as cidades, tem alguma rua ou alguma praça, cultuando os feitos e a lembrança dos ex-combatentes da Fôrça Expedicionária Brasileira.

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Em Marília, existe um monumento aos ex-combatentes, na Praça Saturnino de Brito. O mesmo foi erigido, em virtude de uma campanha pública, encetada e levada a efeito por este mesmo jornal e por iniciativa do então redator-secretário do “Correio”, o saudoso jornalista Luiz Franceschini.

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A inspiração de Luiz Franceschini, motivou-se dos contatos que tinha comigo na redação do jornal e da estima pessoal que por mim nutria, que era reciprocamente recompensada e retribuída.

Quando da primeira idéia de Franceschini, o monumento visaria render um tributo de reconhecimento, respeito e saudade, aos ex-combatentes da FEB. Todavia, o então diretor do jornal, Sr. Raul Roque Araujo, aventou a viabilidade de que a homenagem estendesse-se também aos ex-constitucionalistas de 1932.

Confesso que não apreciei a idéia por representar uma homenagem mesclada, à dois grupos completamente distintos e de antagônicas lutas armadas.

Mas não pude objetar, mesmo assim, por ver na idéia, uma intenção pura e louvável.

E o monumento aí está.

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Não fôra o ex-prefeito João Neves Camargo, não existiria a Avenida Sargento Ananias de Oliveira, ex-pracinha da FEB, ex-balconista das Casas Pernambucanas, morto durante a guerra da Itália.

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Porque, o monumento aos ex-combatentes existentes rende um tributo de homenagem de duplo caráter.

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Quando da chegada dos pracinhas marilienses à nossa cidade, em agosto de 1945, o prefeito da ocasião, João Neves Camargo, juntamente com as autoridades, os ex-combatentes e a população mariliense, fêz inaugurar uma placa de Avenida dos Expedicionários, em substituição a atual Avenida Brasil.

A placa permaneceu pouco tempo, tendo sido retirada, o que representou um descaso aos ex-combatentes da FEB.

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E o tempo passou.

E as coisas continuam no mesmo pé.

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Agora, se apresenta ao prefeito Pedro Sola, a oportunidade de render parcialmente, um preito aos pracinhas.

Há pouco, faleceu entre nós, o ex-combatente Felix Mansur, que tendo nascido na cidade paulista de Igarapava, residia em Marília desde 1929, aqui tendo chegado criança ainda.

Sorteado para o Exército, foi incorporado ao serviço ativo, na 9ª Região Militar, em Mato Grosso.

Como 2º Sargento da Arma de Infantaria, foi designado para a Fôrça Expedicionária Brasileira.

Esteve na Itália, lutando pelos sacrossantos postulados da Liberdade e da Democracia. Foi um dos 25.000 pracinhas brasileiros que participou da II Grande Guerra Mundial.

Um pracinha de Marília.

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Justo e reconhecido como sempre foi e bem intencionado como é, o prefeito Pedro Sola, deveria estudar a viabilidade, de dar a uma rua ou a uma praça de Marília, o nome do Sargento Felix Mansur.

Extraído do Correio de Marília de 11 de outubro de 1973

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