Repete-se a história (30 de outubro de 1973)



Volta, pelo que se percebe, a repetir-se a historia. Batida, banalíssima, tradicional, carcomida, encaniçada.

Aproximamo-nos do pleito eleitoral, que deverá eleger os deputados dos Estados e da União.

E, como nada há de novo sob o sol, prevê-se como irremediavelmente certo, de que Marília, mais uma vez não irá eleger um deputado próprio.

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Os balões de ensaio, prenunciando a viabilidade de três ou quatro candidatos locais disputando o páreo, antecipam a garantia do pleno fracasso eleitoral dos mesmos, representando paralelamente, o fortalecimento de candidatos alienígenas.

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A esse respeito, já temos marilienses “lacrados” como “cabos eleitorais” de gente de fora: um ex-prefeito, um atual vereador e um funcionário estadual aposentado, já estão “trabalhando” para aventureiros de outras plagas, gente que nunca moveu uma palha siquer por Marília, mas que daqui, mercê dos trabalhos desses três “bons” marilienses, sempre levam votos preciosos para seus números de candidatos oficiais.

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Prefeito, é público, indicou e deverá apoiar o integro nome do professor Olimpio Cruz, como candidato da Chefia do Executivo.

Arena, segundo informações públicas, irá indicar e apoiar o nome do vereador Nasib Cury, com ou não a homologação do Diretório Regional – é o que se reconhece. Um diretório municipal, anunciando isso, parece que representa uma rebeldia ao diretório regional, ou o mesmo que tentar dar à força a alguém, uma colherada de xarope ou sal amargo.

Professor Orlando Mendonça, muito bacana e competente, exteriorizou sua intenção de sair também candidato, mesmo que seja pela região de São José do Rio Preto. Considerando-se que o referido mestre e comentarista esportivo, teve, como candidato, uma cifra pouco expressiva de sufrágios, é de prejulgar-se que as suas possibilidades positivas talvez não consigam os 25.000 votos necessários para eleger-se deputado.

O professor e quase advogado Nadyr de Campos, que declarara-se disposto a participar do pleito, embora silencioso sobre o assunto ainda “não tirou o time de campo”, o que significa que poderá também candidatar-se.

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A dispersão de votos será um fato.

A consignação de sufrágios para os candidatos de fora, outro.

Mas a consequência, esta será a mesma: Marília não elegerá ninguém, repetindo-se a história.

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É difícil agradar-se a gregos e troianos.

É difícil, também, despir de vaidade, especialmente os que tem vocação política e pretensões eleiçoreiras.

Uma coisa, restará de tudo isso:

A decepção do grande número de candidatos e a continuação de orfandade parlamentar de Marília, no Palácio 9 de Julho.

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Com mais de um candidato à deputação estadual Marília não vai eleger nenhum.

Nasib “conta” com votos de Andradina.

Mendonça “conta” com a votação de Rio Preto.

E quem vai acreditar que os andradinenses vão eleger Nasib e os rio-pretenses elegerão Orlando?

Mais do que isso, quem poderá garantir essa certeza?

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Eu arrisco um palpite garantitório:

Se não concorrermos com um candidato único e mesmo assim, se não cerrarmos fileiras em torno de seu nome, nem assim elegeremos nosso deputado.

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Tenho, como profissional, ouvido e sentido o povo eleitor. Sei muito bem o que estou escrevendo.

Extraído do Correio de Marília de 30 de outubro de 1973

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