Conceitos sobre a Câmara (19 de outubro de 1973)



Dia outro, determinado comerciante local, palestrando comigo, comentou a série de escritos, sobre o chamado “caso dos mendigos”.

Afirmou ter acompanhado toda a campanha do jornal e particularmente deste escriba, confessando-se de acordo com meus pensamentos exteriorizados.

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Foi mais além, dizendo, na presença de outras pessoas:

- Você está certo. Isso mesmo. “Meta a lenha” nessa cambada de vereadores.

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Observei-lhe, então:

Não estou “metendo o pau” nos vereadores e nunca considerei nenhum deles, como integrante de “cambada”.

Lembrei-lhe, que tenho criticado e criticarei, ações conjuntas ou isoladas, abordando como móvel o vereador em atividade e nunca a pessoa física do cidadão.

Disse-lhe reconhecer boas intenções por parte de muitos dos edis e asseverei que bem reconheço os sacrifícios do cargo, que é um “monus público”.

Mas que não deixaria de censurar, ações que, por seus objetivos, natureza, política, efeitos ou consequências, viessem a acarretar detrimento para a coletividade, ou mesmo entrave para o andamento normal da vida sócio-administrativa mariliense.

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Da conversa participou um outro cidadão, que eu tenho ciência que trabalhou ardorosamente pela eleição de Armando Biava.

Biava não foi eleito e esse cidadão tornou-se inimigo figadal de Pedro Sola.

Aparteei esse amigo, para lembrar-lhe que muitos marilienses de hoje, que estiveram ao lado de Biava, pelo fato de Biava não ter sido eleito, transformaram-se em inimigos e “torcedores” contrários ao atual prefeito.

Que olvidaram-se de que, numa democracia, onde o povo escolheu seu prefeito pelo voto livre e direto, o candidato derrotado tem os seus méritos, porque disputou e competiu. Mas que, conhecido o resultado das urnas, o candidato vencido deixou de ser candidato.

No caso, citei que Biava não é “ainda” candidato e simplesmente cidadão mariliense, probo e honrado, um engenheiro conceituado e uma pessoa estimada por grande parte dos marilienses.

Mas que “não é mais” candidato.

Disse que muitas pessoas daqui, que estavam ao lado de Biava, após a derrota deste, transformaram-se gratuitamente inimigas de Pedro Sola.

Finalizei comparando esse rol de “torcedores” contra Pedro Sola, como a maioria dos comunistas brasileiros: essa maioria não é comunista por vocação, por seguimento das doutrinas ideológicas de Marx ou Lenin. Essa maioria é comunista, simplesmente por ser “contra os americanos”.

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Sobre a Câmara e sua composição atual, afirmei que, presentemente, em ação conjuntiva e em tese falando, está apresentando uma pauta de trabalhos com muitos furos de negatividade.

E está mesmo.

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Embora negando-se, lá existe oposição sistemática ao Poder Executivo, que não está sendo “contra” o prefeito, mas sim “contra”, os interesses de Marília.

É só acompanhar os trabalhos camarários com isenção de ânimo e ver as coisas como elas devem ser vistas: em termos únicos e indesviáveis de Marília.

Extraído do Correio de Marília de 19 de outubro de 1973

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