O pior cego é o que não quer ver (27 de setembro de 1973)
Certa feita, antes das
candidaturas de Biava e Sola à Prefeitura, disse eu, em um dos meus escritos
diários, que Marília possuía muitos elementos capazes para administrá-la. Mas
que, muitos desses mesmos elementos capazes, se candidatos, eleitos não seriam.
Porque faltava-lhes aquilo que é importante para todo candidato à cargo
elegível: penetração na opinião pública, no seio das massas.
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O “tio” Santo Barion, que já
foi vereador, que é uma indiscutível reserva moral, como cidadão e como homem
de empresa, após conhecido o resultado do pleito que o elegeu, convenceu-se, de
que nem todos os seus empregados e auxiliares haviam votado nele.
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Meu amigo João Crepaldi, hoje
Coletor Estadual em Oscar Bressane, trabalhou arduamente pela candidatura de
Romeu Ceroni nas últimas eleições. Tinha, por antecipação, a certeza da eleição
desse candidato. Em palestra comigo, disse eu ao Crepaldi, que mesmo
reconhecendo em Romeu Ceroni, condições e capacidade para ser deputado, não
acreditava na possibilidade de sua vitória nas urnas. E expliquei a falta
consubstanciosa de penetração nas massas.
Tempos depois, João Crepaldi
veio ter a mim, para dizer que eu tinha razão.
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Uma ocasião, falando em tempo
hábil sobre a substituição do então prefeito Tatá, asseverei que Remo Castelli
e José Rojo Lozano seriam excelentes prefeitos marilienses, mas que, se
candidatos dificilmente seriam eleitos, pela mesma razão que aqui focalizo.
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No passado, Luiz Felipe de
Mello e Luiz Scaglio, foram candidatos à vereança. Os dois cidadãos, probos e
conceituados, desfrutavam de grande popularidade, como dirigentes da A.A. São
Bento, que vivia no auge de sua trajetória esportiva. Por falta de penetração
nas massas, esses dois marilienses, não conseguiram eleições para a vereança.
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Há na história eleitoral de
Marília, o caso verídico de um candidato à vereador, haver obtido um único
voto: o dele. Isto significa que nem a esposa ou familiares votaram no mesmo.
Falta de aceitação e de
aceitamento das massas.
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No último pleito, tivemos
candidatos, próprios que obtiveram um coeficiente verdadeiramente ínfimo de
sufrágios. Mais uma prova do que estou afirmando.
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Estes motivos devem merecer
cuidado e atenções dos dirigentes dos partidos políticos locais, nesta
oportunidade em que se soltam os primeiros balões de ensaio, para o lançamento
dos candidatos à deputação estadual.
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De nada vai adiantar,
homologar a candidatura de determinado candidato, só porque ele seja “bonzinho”
para os amigos ou fiel aos postulados doutrinários.
Ele irá fazer feio, sofrer a
decepção de não ser eleito.
Poder de penetração na
opinião pública é condição que pode ser considerada “sine qua non” para vitória
nas urnas.
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Por isso, mais se enraíza a
necessidade plausível de Marília lançar um candidato único à deputação
estadual.
E a necessidade também, de
que todos os marilienses eleitores, encararem esse candidato em termos somente
de Marília, cerrando fileiras em torno do mesmo.
Se Marília concorrer ao
pleito com o número dos que pretendem e se focalizam como candidatos, podem ter
a certeza de que nossa cidade, mais uma vez, continuará órfã, desgraçadamente órfã
na Assembléia Legislativa.
Extraído do Correio de Marília de 27 de setembro de
1973
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