Nem sempre Câmara teve bons olhos para com o CORREIO (14 de setembro de 1973)
Desde 1948, quando se
constituiu a nossa Câmara Municipal, após o chamado período de redemocratização
do país, acompanhei o desenrolar dos trabalhos da edilidade mariliense.
Até 1968, um apreciável
espaço-tempo de 20 anos, por dedicação e idealismo profissional, fui crítico e
repórter parlamentar. Em consequência, aprendi por força de oficio, a conhecer
a própria engrenagem burocrática e de trabalho do referido Poder Legislativo.
RESPEITO
Sempre tive a necessária
habilidade e a natural razão, em saber respeita a Câmara Municipal e sua legal
soberania, tendo inúmeras vezes, advogado a defesa de suas funções, como Poder
e como órgão representativo, parte integrante da sistemática democrática de
nosso regime.
Nesse tempo todo, não me
furtei e igualmente não me pejei, em assacar críticas contra vereadores, quando
estas críticas se tornaram necessárias.
Nesses casos, tenho focalizado
o vereador em função, distanciando-me da pessoa física do Homem e alheiando-me
à dignidade da Câmara como órgão e como Poder.
Em comparação grosseira, da
mesma maneira que faz o cronista esportivo, que analisa o jogador de futebol,
durante sua ação de 90 minutos no gramado e não a sua personalidade, sua pessoa
propriamente dita ou sua vida particular.
MAUS OLHOS
Vai aqui um desabafo de cunho
genérico: a Câmara Municipal de Marília, pelo proceder de alguns de seus
vereadores, passados e presentes, nem sempre teve bons olhos para com o CORREIO
DE MARÍLIA.
Esta afirmativa, nada tem de
destemoridade e também não encarna tomada de posição, porque, provas
suficientes da veracidade da mesma, encontram-se consubistanciadas nas próprias
átas dos trabalhos camarários.
Não foi a primeira, e nem
será a última vez, porque o referido significa, a contra-gosto para nosso
jornal, simplesmente uma repetição de fatos.
Vereadores já espezinharam o
CORREIO da tribuna da Câmara, algumas vezes assacando inverdades, outras vezes,
matreiramente insinuando diatribes, até ofensivas, contra a pessoa física de
dirigentes e profissionais do CORREIO.
Há vereadores, do passado e
do presente, possuidores de longos “rabos de palha”, mas, eu, no nobre
exercício de jornalista, jamais me preocupei com isso, pois, ao analisar o
vereador, disseco apenas e tão somente, sua atitude e procedimento, na
desenvoltura de suas atividades parlamentares.
Alguns deles, isso não tem
feito.
Vou aqui, propositadamente,
omitir nomes, em respeito à soberania da Câmara, de seu atual presidente e
igualmente em consideração aos que, imbuídos da melhor boa vontade e dos
desejos de acertar e de trabalhar, não podem ser somados ao ról daqueles, que,
de há muito, não vêm o CORREIO com bons olhos.
Afóra as críticas contra o
jornal, assacadas e citadas, já intenraram, por diversas vezes, impedir a
entrada de gente do CORREIO na edilidade. Já fizeram tentativas, em considerar
em caráter oficial, nosso jornal como “persona non grata” à edilidade mariliense.
Já alimentaram desejos de
instituir processos-crimes contra minha pessoa e contra outros repórteres do
jornal.
O
“CORREIO”
O CORREIO DE MARÍLIA existe,
antes do nascimento de muitos vereadores.
Nosso jornal é um jornal
sério, desde o início, em 1º de maio de 1928.
Eu próprio, sou velho do
jornal.
Tenho muito orgulho disso.
Bastante orgulho também, por poder ser útil à uma sociedade e uma família,
embora contrariando algumas pessoas.
Minha profissão, por
natureza, gera muitas vezes, a incompreensão. Incompreensão dos
incompreensivos, ressalte-se.
O CORREIO DE MARÍLIA, nascido
antes da instalação do próprio município, sempre teve uma vida dedicada aos
interesses da cidade e de sua gente. E não se importa com o que possa pensar
uma ínfima minoria.
Represento um jornal sem cor
politica ou religiosa, um arauto das boas causas, um freio necessário dentro da
própria sociedade em que vivemos, porque o CORREIO discrimina e indica os
males, mostrando os antídotos, contendo os mais afoitos e encorajando os que
pretendem realizar algo de útil.
Condeno o que considero
errado.
Trabalho num jornal sério,
que trata de assuntos sérios e que senão importa que a alguns desagrade, porque
estamos sendo os porta-vozes da maioria absoluta de nossa coletividade.
Conheço, como todos daqui do
CORREIO, os crimes que a Lei de Imprensa comina, tolo não sendo, por isso
mesmo.
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