Velhos e novos (30 de agosto de 1973)
Não é válida, a afirmativa,
de que toda a pessoa velha seja decrépita, gasta, quadrada, ultrapassada e
obsoleta.
Igualmente, validez não tem a
afirmação de que todo jovem é lutador, detentor de idéias claras e invejável
espírito de luta sem esmorecimento.
Nem tanto ao céu, nem tanto à
terra.
Existem velhos de espírito
jovem, como existem jovens prematuramente decrépitos.
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No dia 16 de julho de 1950,
um velho sapateiro, que tinha na ocasião 33 anos, exercendo uma atividade
considerada física e biologicamente imprópria para sua idade, “acabou” sozinho
com a seleção brasileira de futebol, em pleno Maracanã, levando para o Uruguai
a Taça “Jules Rimet”, que pertenceria ao Brasil, que na ocasião disputava o
último prélio, jogando apenas por um empate.
O nome desse “velho” era
Obdúlio Varella.
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No último pleito eleitoral,
os nossos dois candidatos à Prefeitura, Armando Biava e Pedro Sola, buscaram
com lanternas, jovens da cidade, para adentrarem à luta política, como
candidatos à vereança municipal.
A intenção, embora velada,
era a injetar “sangue novo” no Legislativo municipal. Os jovens procurados
omitiram-se todos, com exceção de Eduardo Rino.
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A primeira Câmara Municipal
de Marília, após o chamado período de redemocratização do país, foi constituída
em maioria absoluta por “velhos”.
E figurou em atividades e
atuações, como uma das mais invejáveis do Estado. Tinha em seu seio “velhos” de
estirpe, de idéias patrióticas e comprovado amor por Marília, dotados de
inteligência impar e de ações inováveis.
Dentre outros, Nelson de
Carvalho, Alcebiades Ferreira Bueno, Reynaldo Machado, J. Coriolano de
Carvalho, Edmundo Lopes, Aniz Badra, Francisco de Barros Pires, Álvaro Simões e
outros.
As Câmaras posteriores e
(desculpem) inclusive a presente, são incomparáveis em relação e proporção à
citada.
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Hoje em dia, verdade seja
dita, não está existindo por parte dos jovens, o mesmo interesse que ainda é
alentado e alimentado pelos velhos e a dedicação e a experiência destes,
continua, em vários setores e prismas da própria vida nacional.
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Experiência é um fato e não uma
virtude.
A experiência decorre do
contacto permanente de ações com a provação de sucessos e fracassos, que se
constituem em autentica escola, forjando caracteres, com a fixação de exemplos,
evitados ou seguidos por todos aqueles que já trilharam os referidos caminhos.
Essas pessoas, por força do fator tempo e lógica, são os velhos.
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É tempo já, portanto, dos
jovens dizerem presente, para substituírem os velhos.
Mas devem, forçosamente,
mirar-se nos espelhos de exemplos e de trabalho daqueles, adotando, por outro
lado, idéias diferentes e práticas de um trabalho consciente e ativo.
Senão, nada feito. Inês
continuará morta.
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Estranha fauna, classifica
ainda os velhos como ultrapassados. Mas estes são os que de fato continuam
dando o duro em ações de trabalho, garantindo certeza e confiança de suas ações
denodadas, firmes, plausíveis e objetivas.
E não é de hoje.
A própria história nos
comprova a rigidez desses velhos e até a idade em que trabalharam.
Por exemplo:
Heródoto (88 anos), Arquimedes
(80), Winston Churchill (91), Charles Chaplin (84), Graham Bell (78), Gen. Mark
Clark (80), Picasso (91), Pablo Casals (97), Ruy Barbosa (74), Darwin (74),
Toscanini (80), Demócrito (90), Mme. Curie (70), Pasteur (73), Catão (85),
Platão (81), Watt (82), Scheweltzer (90), Duque de Caxias (77), Gago Coutinho
(89), etc.
Daí então deduz-se que esse
negócio de “velho já era” não era, não...
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