Política de caçadores de pardais (26 de agosto de 1973)



É logica decorrente de regra sem exceção:

O bom caçador, dá-se ao capricho de ser possuidor de apetrechos escolhidos, de boas e reputadas marcas, que inspirem confiança e segurança. O “hobby” de caçar representa um esporte-idealista, que se configura em arte.

As armas não são tudo, mas parte importante. À elas somam-se os cães amestrados, a boa qualidade da munição e o tirocínio experimentado do caçador.

Caçador de onça, de anta ou de capivara, que diverte-se em matar pardais, deixa de ser caçador.

Não é mera coincidência

O preâmbulo, inapresentando a correlação analógica, não é mera coincidência.

Ele se fez necessário.

Referimo-nos à nossa Câmara Municipal. Sem macular-lhe a soberania e a dignidade, mesmo porque éssa mácula, outros, antes de nós, já se incumbiram, numa demonstração pública de dúbios procederes.

Falamos em Câmara porque citamos elementos seus, de opiniões isoladas, que, por razões impensadas e atitudes comprovadas, chegam a envolver o referido Poder, criando no seio da opinião pública, uma série de pensamentos duvidosos e desairosos sobre a lídima cédula legislativa de nosso município.

De estarrecer

Por certo, alguns vereadores não se ativeram ainda que tomaram posição numa trincheira de ativa ação, que está estarrecendo a população toda.

Por certo, também, eles não sabem e não ouvem e igualmente jamais atinaram o que o povo mariliense está pensando de suas figuras legisladoras, de seus procedimentos dotilóquios e de suas tomadas de posições, presentemente no caso do escorraçamento de ladrões e vagabundos que constituíam um verdadeiro exército e que infestavam as ruas da cidade.

Mais do que isso, que intranquilizava a população toda, com invasões de quintais e até de lares, roubando roupas e objetos domésticos, à plena luz do dia.

Colocam-se, esses edis, fazendo uma falsa média, não contra uma autoridade, mas sim contra uma população toda.

Não sabem esses vereadores, que mais de 100 mil almas marilienses estão agradecidas à polícia pela sua ação, apanhando pelo gasganete, os vadios e desocupados que intranquilizavam nossa gente, mas que, maliciosamente, os referidos vereadores teimam em chamar de “mendigos”.

Eles estão contra Marília, porque Marília está a favor da ordem pública, do sossego, da tranquilidade e a família mariliense não concorda com essa “defesa” dos chamados “mendigos”, que não passam de pinguços e ladroes.

Marília não quer pedintes, ladrões e vagabundos nas suas ruas. Quem está parecendo desejá-los são os vereadores, que se insurgem contra uma medida salutar, necessária, imprescindível, urgente, inegável, que em tão boa hora foi posta em prática pelas nossas autoridades policiais.

Não é a primeira vez

Não é a primeira vez que acontecem fatos mais ou menos idênticos. O povo está observando e acompanhando. E a imprensa também.

A Câmara, mercê de alguns de seus membros, já prestou um grande e lamentável desserviço à população mariliense e diretamente à cidade.

Foi quando não autorizou o ex-prefeito Octavio Barretto Prado a firmar convênio com o Estado, para a construção de uma passagem superior de nível, na Rua 9 de Julho.

Além de boicotar uma administração municipal, interessada em acelerar o progresso mariliense, atiraram a população e a cidade contra a antipatia do próprio Governo do Estado!

Quiçá uma dezena de marilienses solidarizou-se na ocasião com a decisão da edilidade local. Mas uma dezena de pessoas não representa uma população de 100 mil habitantes.

Os interesses da maioria devem antepor-se aos desejos da minoria.

Agora, repete-se o fato:

A maioria (absoluta) dos marilienses está satisfeita com a medida policial, que alijou de Marília um ról imenso de ladrões, vagabundos e pinguços.

Só os vereadores é que parecem que não. Mas o que eles estão fazendo nada mais é do que caçar pardais. As antas, onças e capivaras estão sendo caçadas pela maioria da população.

Contra ou a favor de Marília?

A Câmara impediu a construção do Viaduto.

A Câmara lamenta e condena a ação policial de limpeza de vadios e ladrões na cidade.

Não irá a mesma Câmara impedir também que Marília venha a ter a maior fiação de seda da América Latina?

Afinal, estarão alguns vereadores (que representam parcialmente a Câmara) a favor ou contra Marília?

O povo sabe a resposta.

Extraído do Correio de Marília de 26 de agosto de 1973

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