O estômago dos candidatos (16 de agosto de 1973)
Sei, por contacto e
experiência própria.
Como sabe todo aquele que
milita em jornal interiorano.
Em épocas precedentes de
pleitos eleitorais, a redação recebe um “chuvarada” de panfletos e originais
redigidos, expedidos sencerimoniosamente por candidatos às reeleições.
Uma papelada abundante, em
que ilustres desconhecidos, se apresentam como “salvadores da Pátria”, dando conta
de uma série de “prestação de serviços”.
O escopo é um só: levar na
conversa os hebdomadários da hirterlândia, para que estes promovam seus nomes,
apresentando-os nas colunas dos jornais a fim de ludibriar o povo, para que
este, paquidermicamente, vá carrear-lhes preciosos sufrágios.
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Nomes desconhecidos e alguns
até antipáticos.
Gente mais desconhecidos do
que peru em mesa de pobre, auto-intitulando-se “defensores” do interior e
autores de leis e providências que eu nunca havido ouvido falar.
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Vão cantar noutra freguesia
esses “salvadores da Pátria”.
Marília e seu eleitorado,
devem apresentar-se suficientemente adultos, para saber que votar em nomes de
fora, além de grande e prejudicial besteira, é desperdiçar o voto. Os
forasteiros e candidatos alienígenas, só tem interesse eleçoreiros, pegam os
votinhos de nossa gente e nunca mais lembram de que Marília existe no Mapa do
Estado de São Paulo.
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Outro dia, um deputado lá na
região de Araçatuba, dirigiu-se à Telesp, pedindo 2.000 novos telefones para
Marília.
Agora, outro deputado, de uma
cidade vizinha, “plagiou” o araçatubense e solicitou à mesma Teles, 3.000
“macacos” para nossa cidade.
Um outro, para “não ficar por
baixo” solicitou na Assembléia, providencias para a implantação total da 11ª
Região Administrativa.
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De minha parte, bola não dou.
Meu voto é sagrado e sempre
foi mariliense.
A bandeira de candidato de
Marília, quem a içou pela primeira vez, tive a honra de ser eu próprio.
Porisso, é que escrevo. E
falo.
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O eleitorado mariliense, que
fique de sobreaviso. E de olho nos marilienses que cabalam votos para gente de
fora.
Vamos votar em gente nossa e
não incorrer em erros do passado.
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Se Marília continuar órfã na
Assembléia Estadual, garanto que a culpa minha não vai ser. Mas tenho a
convicção, de que não vai ser toda a gente que vai poder pensar ou dizer o
mesmo.
Chega de dar votos para
falsos profetas, forasteiros e alienígenas, candidatos profissionais, que só
têm interêsses de estômago.
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Todos os marilienses sabem
disso e se erram é porque assim desejam. O erro consciente é o mesmo do que o
crime premeditado.
Vamos colocar Marília acima
do engôdo desses caçadores de votos.
Eles que lotem seus estômagos
em suas cidades, isso sim.
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