Faltam técnicos nacionais (23 de agosto de 1973)
Ficaram “mordidos” nossos
irmãos argentinos, quando de recente pronunciamento do presidente Nixon,
ocasião em que o norte-americano declarou que o Brasil será, em breve, o país
líder da América do Sul.
--:--
Nixon disse uma verdade, mas
deveria tê-la completado:
Se, em 1930, Getúlio Vargas,
nosso presidente daquela época, tivesse sido um Médice atual, o Brasil não só
estaria liderando a América do Sul, mas também a América Latina toda.
--:--
Está sendo verdadeiramente
assombroso o surto de nosso progresso. O dinamismo irrefreável que se verifica
em todos os setores da economia nacional está surpreendendo o mundo todo, como
surpreendeu o Japão após as explosões das bombas atômicas sobre Nagasaki e
Hiroshima.
--:--
Técnicos e sociólogos
nacionais, presentemente não conseguem encontrar uma explicação para justificar
o extraordinário surto de progresso que vem ultrapassando todas as previsões e
expectativas.
--:--
O presidente Médici, não
oculta sua preocupação com o vertiginoso dinamismo nacional, cuja expansão está
gerando problemas sociais e econômicos jamais imaginados.
A produção nacional, em todos
os sentidos e setores, mesmo com sua elasticidade palpável e aumentos
gradativos e produtividade, está sendo de certa forma insuficiente para o
consumo interno e prenunciando dificuldades porvindouras.
Um fenômeno que representa o
próprio encargo do progresso e que está a preocupar o próprio Governo na adoção
de providencias e medidas previsionais, para suprir as necessidades nacionais,
daqui a alguns anos futuros.
--:--
Um dos problemas sérios que
se abatem sobre esse atual ritmo de desenvolvimento, só agora melhor sentido, é
a carência de técnicos, profissionais e cientistas.
--:--
A descentralização dos
profissionais-técnicos atualmente existentes, está sendo reclamada com
insistência e urgência. Mas mesmo sendo viável essa descentralização e
consequente interiorização, o número de faltas e escassez, é por demais
gigantesco.
O Brasil apresenta centenas
de cidades sem um médico.
Faltam-nos vários milhares de
engenheiros agrônomos.
Não dispomos de
engenheiros-eletricistas, em número suficiente para as necessidades de nossas
usinas hidrelétricas.
Ressente-se o país de mais de
5.000 médicos-veterinários.
--:--
O próprio Governo está em
vias de praticalizar um patriótico e custoso plano educacional, que visa antes
de tudo a formação de técnicos nacional com o colimado claro de evitar-se a
importação de profissionais estrangeiros.
Quarenta mil bolsas de
estudos, para a formação de agrônomos, veterinários, engenheiros eletricistas,
engenheiros de minas, engenheiros petrolíferos, etc., serão custeadas pelo
Poder Central. Os alunos terão os cursos gratuitos, uniformes e alimentação
igualmente custeados pelo Governo, mas terão a obrigatoriedade de firmar
documento escrito, sob o qual contribuirão com a própria economia nacional.
Essa obrigação consiste em
que os alunos nessas condições executem estágios em determinadas fases dos
cursos, junto à indústrias particulares e departamentos oficiais do Governo,
para onde serão encaminhados e fixados, após o término dos ensinamentos
técnicos e científicos.
--:--
Uma medida governamental que
é bem a prova de uma preocupação nacional, bem interpretada pelo atual Chefe do
Governo, com vistas ao futuro próximo.
Sente-se a preocupação da
formação de técnicos para a própria economia nacional, em número suficiente
para impedir a importação de técnicos e especialistas estrangeiros, como até
aqui tem acontecido.
Comentários