Misturança que confunde (11 de julho de 1973)


É irretorquível, sucinto, claro, indiscutível, real!

Ninguém, em boa razão, aprecia ser confundido com aquilo que não é ou nunca foi.

Ressalve-se aqui o embuste, a falsa ideologia, o uso indevido de condição, credencial ou autoridade. Sim, pois há os que não sendo, intitulam-se em proveito próprio, titulares fajutos de postos, qualidades ou condições.

Esta hipótese, tem muito de covardia, de ostentação, de empavonamento, de vantagens pessoais de ilusão, além de constituir crime.

No primeiro aventamento, no entanto, prevalece o bom senso, de que ninguém gosta de ser confundido com o que de fato não é.

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O médico não pode gostar de ser confundido com o enfermeiro. O dentista não gosta de ser confundido com o farmacêutico.

O mecânico não gosta que o confundam com o ferreiro.

O soldado não pode ser confundido com o coronel.

Ninguém deve confundir o investigador com o delegado de polícia.

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O Jornalista não pode ser confundido com o jornaleiro.

Nem o cozinheiro com o faxineiro.

O vilão não pode ser confundido com o galã.

Ninguém deve confundir um violoncelo com um saxofone.

Não se confunde o coxão mole com o filé “mignon”.

É muita burrice confundir o gato com o sapato.

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O pintor de telas é uma coisa, o pintor de paredes é bem outra.

E uma coisa é o telegrafo e é outro o rádio-telegrafo.

Molho de pimenta é uma coisa; pimenta ao molho é outra.

Também existe diferença entre papel higiênico e papel-lixa.

Telha e tijolos são diferentes.

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Relojoeiro é uma coisa, vendedor de relógios é bem outra.

Jogador de futebol é bem diferente do que jogador de xadrez.

A tesoura do alfaiate é bem diferente da “tesoura” do praticante de luta livre.

Vinagre e azeite são coisas diferentes também.

Há o sêlo de carta e o sê-lo do verbo ser.

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Cobra não se confunde com lagarto. Jacaré é diferente de camaleão. Macaco não parece elefante, cavalo não é igual a cachorro. Risco é diferente de risca. Poluição não é população. Gafanhoto não é sapo. Minhoca não tem asas. Papagaio não é arara. Carroça não é charrete. Aval não é endosso. Sacristão não é padre. Pirolito não é pé-de-moleque. Mulher velha não é “broto”.

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Velho não é novo. Furado não é rasgado. Careca não é cabeludo. Baiano não é paulista. Linho não é algodão. Sabonete não é sabão. Nem esperança ilusão.

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Transcorreu há pouco, 9 de julho, o dia do Soldado Constitucionalista, data comemorativa à Revolução de 1932.

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No dia 8 de maio, comemora-se no Brasil, o Dia da Vitória, data que marcou o término da II Grande Guerra Mundial na Europa, em cujo conflito do Brasil se fez presente através de sua Força Expedicionária Brasileira.

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O soldado constitucionalista, participou de uma luta nobre e patriótica. Mas uma luta política, intestina.

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O pracinha da FEB, como soldado do Brasil, membro do Exército Brasileiro, participou de uma guerra armada, no exterior integrante de tropa organizada e comandada, lutando paralelamente com forças armadas dos Estados Unidos, Inglaterra, França, Rússia, Marrocos e outras nações.

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O soldado constitucionalista, tem hoje em dia, mais de 60 anos, considerando-se tenra idade, quando partiu para o Túnel ou Itararé.

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O pracinha da FEB, tinha em 1932, pouco mais de 9 anos de idade em média quando partiu para o Teatro de Operações da Itália, em 1944.

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Representam duas classes nobres e patrióticas, porem distintíssimas, praticamente sem a mínima analogia ou correlação.

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Não se deve confundir, portanto, o Soldado Constitucionalista de 32, com o pracinha da Fôrça Expedicionária Brasileira.

São coisas diferentes!

Extraído do Correio de Marília de 11 de julho de 1973

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