TIPOS & COISAS E CASOS (8)
Lembrava-se. Ele era um pequeno, muito pequeno. Sete anos, talvez. Mas o fato marcara muito. Ficara indelevelmente gravado. Antes – tinha a certeza – nunca tivera observado ou sentido tal. Verdade mesmo. Nunca tivera sentido tanto medo. Medo de defunto. Era um dia comum. Para a idade de criança assim, no sítio, todo dia é comum. Ele e mais alguns amiguinhos, os mesmos de sempre, brincavam na sombra da grande paineira. Foi quando chegou o Mario. Também da turma. E a notícia, dada pelo próprio Mario: - Meu pai si morreu... Todos ficaram surpresos, como nem acreditando. Thiago disse: - Vâmu vê? E saíram todos. Ele também. Mas pensando em nada. Como se fôra um deslocamento natural. E isso foi o ruim. O despreparo psicológico, o impacto, a surpresa. Foi o que aconteceu. Quando entraram na sala, havia pouca gente. O cadáver estava estendido sobre a mesa, sem o caixão, pois alí, na ocasião, a urna só era feita depois da morte, pelo carpinteiro Adão. Ele sentiu uma coisa assim...