TEM GENTE QUE PENSA



Tem gente que pensa. Que usa a cabeça. Mesmo porque, cabeça não foi feita só para usar chapéu; nem para um penteado; e nem apenas para separar as orelhas...

Há criaturas que pensam no Brasil. Verdade.

Há pessoas que pensam na Pátria. Verdade também.

Aqueles soldados do nosso Exército, aqueles “pracinhas” que constituíram a gloriosa Fôrça Expedicionária Brasileira, que lutaram na Europa, nas íngremes montanhas do classicismo italiano, na defesa dos postulados da democracia e da liberdade, também pensam.

Pensam, decepcionados até.

Teria valido a pena, tanto sacrifício? Para ver e sentir hoje o Brasil atual? Um país de corrupções, corruptores e corruptos? Um Brasil de canalhices, de abusos, de frustações, de relativas imunidades?

Imprensa noticía incessantemente. São descasos, são abusos, são falcatruas, são invasões, são roubos e furtos. “Marmeladas” levadas à quinta potência. Punições? O que é isso? Existem?

Desse rosário imenso de bandidos de colarinho e gravata, locupletadores e inimigos da Pátria e do povo, quantos foram encarcerados? Ou compulsados a devolver o produto “desaparecido”? Quantos?

Nem o P. C. Farias. Collor cassado. PC processado e preso, não por alcances, não por roubo. Por sonegação de impostos. Apenas.

Não é atoa que um espirituoso já disse: “No Brasil polícia só prende a classe de três pês: preto, puta e póbre”!

Tem gente pelaí que estufa o peito para falar com certo pejorativíssimo, do período de “ditadura militar”, “regime militar”, “período militar”, com inoculturas intenções, de responsabilizar o atual estado de coisas, a esse tipo inesperado de governo. Não se póde negar, que algo tenha ocorrido em desacordo com o que de bem se pensou em pról do Brasil. Mas também é inegável que a situação hoje, em termos de bagunça, baderna e desordem, é superior à propalada “ditadura militar”, “regime militar” e “período militar”. Pois não?

Pelo menos, naquela fase deixaram de existir os sequestros, os assaltos a postos de gasolina, os assaltos à bancos, os ataques à carros vendedores de cigarros, etc.. E hoje?

A gente pensa. Pensa, sim.

Os “pracinhas” também pensam. Teria valido a pena?

Sábio, embora não plausível e nem aplaudível, o texto de anônimo autor, que afirma, ou melhor, assevera: “pimenta nos olhos dos outros não arde”...

Dirá alguém que tal “stato quo” é fenômeno tido como natural, que existe em outras nações. Mesmo em nações de primeiro mundo, em países super desenvolvidos.

Concorda-se com isso porque a gente pensa.

Mas é bom cotucar a memória dos que buscam “consôlo” para esse estado de acontecimento entre nós, com essa afirmativa paralela e comparatória. É que lá exite uma coisa que aquí não há. Lá, os ladrões, os bandidos, os maus políticos, os corruptos, são punidos. Só isso.

Aquí, fóra o grupo dos três pês, punem-se vizinhos que brigam, ladroes de bicicletas e pequenos objetos, ou mesmo de galinhas. Etc. e tal.

Os ex-combatentes, aqueles que lutaram pelo Brasil, aqueles que defenderam a liberdade e a democracia, sonhando por uma pátria soberana e equânime, decepcionaram-se.

Teria valido a pena?

Ainda tem gente que pensa.

Uns pensam no Brasil, no futuro da Pátria. Outros, minoria grande, pensam neles, nos próprios estômagos, isto sim. Os outros, os que pensam na Pátria, no povo brasileiro, esses que se danem, que se forniquem, que vão para o diabo. Isso, só isso, pensam os outros. Desgraçadamente.

Não estranhe o leitor amigo, se algum “pracinha”, herói da Pátria, pensar com seus botões, que nessa “ditadura militar”, nesse “regime militar”, nesse “período militar”, com todos os defeitos, falhas e o que se convier apontar, existia um freio, um dique, que só aborrecia os inimigos da Pátria, os maus brasileiros. Éra um tal de AI-5.

Porque a verdade é que quando tal existia, os desmandos e a roubalheira não campeavam à solta e impunemente...

O pior cego é o que não quer ver.

Extraído dos arquivos pessoais de José Arnaldo

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