O Carnaval vem aí (17 de fevereiro de 1960)



Aproxima-se os dias dos folguedos de Mômo. Vem aí, o tríduo carnavalesco. Tríduo quatro dias, é verdade.

Clubes e associações especificas, preparam-se covenientemente, para proporcionar aos seus filiados, o lazer próprio desses festejos populares.

Particularmente, gentes a guardam com ansiedade a chegada dessas folias. Apesar do elevado custo de vida, muitos darão um jeito de dispor o suficiente dinheiro para “brincar” o carnaval.

De nossa parte, gostamos de apreciar os que se divertem nessa época, encarando os folguedos carnavalescos como um motivo de diversão geral. Espontânea, franca, moderada e bem intencionada. Achamos justa essa oportunidade das gentes se divertirem. Principalmente entre nós, onde o brasileiro trabalha no duro, ano inteiro, necessitando, por isso mesmo, um ensejo para arejamento do espírito cansado.

Gostamos, assim, do carnaval inocente, o carnaval carnaval.

O motivo de alegria em sí. As brincadeiras sadias e comedidas. Honestas, para sermos mais claros.

Somos aversos aos exageros que comumente se praticam por aí, sob o pretexto de que “carnaval é assim mesmo”. Somos contrários aos excessos, à liberalidade. Aos gestos atentatórios à moral, a não refreação de impulsos escusos, que costumam se manifestar ao espírito de algumas pessoas de formação indelineada.

Carnaval, no passado, éra uma festa diferente. Alegre, sadia, completa, cingindo-se numa trajetória de alegre decência.

Para muitos, continua a ser assim. Para outros, apresenta uma oportunidade “de ouro” para uma vazão de má educação e por vezes desrespeito. “Encher a cara” e praticar excessos não é, em circunstância alguma, “brincar o carnaval”. É incorrer ao ridículo, transgredir as boas normas do respeito ao próximo, à sociedade. Não há justificativa plausível, de que em carnaval tudo é permitido, tudo tolerável, tudo normal. Brincadeiras sadias não se misturam com átos de cafajestismos, com excessos.

Nem todos brincarão o carnaval, é certo. As coisas não andam muito fáceis. Muitos se plantarão ao longo da Avenida do Fundador, com o objetivo de conformador de apreciar os que se divertem, o que já é alguma coisa confortadora. Daí a razão de que estes tenham o ensejo grato de apreciar o carnaval como êle deve ser, sem excessos.

Ao ensejo desta focalização, fazemos nossos votos para que os marilienses em geral os que apreciam o carnaval, em particular, se divertiam bem e alegremente. Que os folguedos carnavalescos em Marília transcorram, como sempre, dentro de um clima de elevada educação e respeito mútuo, sem arruaças, sem a inclusão de “cachaçadas” e “rolos”, atitudes próprias dos curtos de educação. E sem indesejáveis átos de indesejáveis “play boys” endinheirados, abusados e embriagados.

Marília e sua gente são dignas disso.

No passado, sempre demos exemplos frizantes nesse particular porque apenas alguns “engraçadinhos” procuram deslustrar a beleza natural dessas brincadeiras populares. Para esses, como sempre, estará em ação a polícia, com a sua ação preventiva e repreensível.

Carnaval é festa do povo. Ricos e póbres, pretos e brancos.

Que se divirta esse mesmo povo, cada qual conforme puder, sempre tendo em mente que os folguedos devem ser conduzidos dentro de um clima de decência alegre.

Feliz carnaval, leitores!

Extraído do Correio de Marília de 17 de fevereiro de 1960

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