Salada de notícias (9 de janeiro de 1960)





Quarta-feira última (06/01/1960), à noite, muita gente ficou “presa” durante bastante tempo, em diversos lugares, face ao período chuvoso. Frente a uma vitrine de uma casa comercial, um grupo de homens, impacientes com o temporal, “matavam o tempo” em conversas variadas. Em dado momento, uma das pessoas daquela “reunião compulsória”, comentou com o vizinho:



- Esta chuva vale ouro!



Só assim, no ano em curso, é que poderemos ter feijão e arroz por preços mais baratos.



E o outro, que até ali permanecera calado, retrucou:



- De fato, a chuva é mesmo boa para a lavoura. Teremos mesmo melhores colheitas. Mas isso não significa que as coisas baratearão, não; os intermediários comprarão tudo, por preços mais baratos, estocarão tudo, “amoitarão” os gêneros e farão como sempre; só que desta vez, ganharão ainda mais dinheiro à custa dos brasileiros pobres!



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Na maternidade dos Afogados, no Recife, nasceram 3 gêmeas, para alvoroço da imprensa local, que em grande número compareceu para as inevitáveis fotos e entrevistas. As garotinhas estão passando bem, e chamar-se-ão respectivamente, Maria de Jesus, Maria de Fátima e Maria Luiza. Nas três Marias de Recife não há, com certeza, qualquer alusão às Três Marias de JK. O mesmo não se pode dizer, entretanto, da maternidade onde nasceram, cujo nome é uma alusão clara ao pai das garotinhas, que sendo pobre, agora mais do que nunca andará “afogado” em dívidas!



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O deputado Tenório Cavalcanti arrolou mais 4 testemunhas que irão depor no caso Sacopã, ultimamente um pouco fora do cartaz e em perigo de cais em ponto morto. Com mais essas testemunhas, Tenório irá alimentando o caso, e evitando que o seu nome saia das colunas dos jornais, que lhe dão publicidade gratuita!



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Telegrama de São Paulo dá conta de que um empregado da Empresa Funerária “São Luiz” compareceu à polícia, solicitando garantia de vida sôbre o pretexto de que está sendo ameaçado de morte por um dos próprios patrões. Caso algo curioso esse, que, sem sobra de dúvidas, dá margem ao seguinte pensamento: “Será que a citada empreza funerária está assim com tanta falta de clientes?”



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Justificando perante o funcionalismo municipal o seu gesto vetando o projeto que concedia abono de Natal, o prefeito Adhemar de Barros afirmou que não podia pagá-lo pois encerrou o ano com apenas três milhões de cruzeiros em caixa, e o abono exigia 160 milhões para ser pago. E como ele não entende nada de magica, só podia fazer o que fez!



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Interessa-se o novo prefeito pela construção do novo Mercado em Marília. A julgar pelo fato, dentro de mais alguns anos teremos mercado novo com preços mais novos ainda.



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O brigadeiro Adamastor Cantalise, presidente do inquérito sobre a catástrofe do Viscont da Vasp, anunciou que vai convocar a imprensa para uma entrevista coletiva, a fim de dar a conhecer a opinião pública as causas daquele desastre. A medida já foi tomada em face dos protestos de alguns jornais contra o arquivamento do inquérito. Adiantando o seu pensamento, aquela autoridade afirmou que a prática da aviação militar nesta capital está se tornando um verdadeiro inferno, pois o tráfego aéreo comercial é muito intenso! E como não pode haver sinalização de tráfego no espaço, de vez em quando alguém dá uma trombada!



Extraído do Correio de Marília de 9 de janeiro de 1960

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