“O terceiro homem” (6 de agosto de 1959)


Propalado, prática e virtualmente lançado, surge na política sucessória municipal, “o terceiro homem” – Octavio Simonato.

Indiscutível é o prestígio dêsse político mariliense, como matemático é o seu colegiado eleitoral, fruto de um trabalho perseverante que data de mais de oito anos. Ninguém poderá opor qualquer dúvidas às intenções de Octavio Siminato, com respeito a um plano pessoal ou partidário de um bom govêrno municipal. Entretanto, tal lançamento, se acertado e homologado, apresentará um quê extemporâneo e traz consigo um “senão” prejudicial ao próprio candidato, “senão” êsse, oriundo de um conchavo político inter-bastidores, que não chegou a alcançar a repercussão e os efeitos esperados e que se impregnou, inclusive, de malquerenças e dissidências políticas de um núcleo local.

Com o lançamento de tempo hábil das outras duas candidaturas já oficiais e conhecidas e com o esfriamento natural, supra citado a candidatura do “terceiro homem”, tornou-se, automaticamente, extemporâneo. E, frizemos, seja ela de Octavio Siminato ou de qualquer outra pessoa.

A maioria, pensamos, já firmou um ponto de vista, com respeito à consignação do vóto para o sucessor do prefeito Argollo Ferrão. Pelo que notamos nas camadas baixas (o vóto que pésa de fato na balança eleitoral), um ponto de vista já está concretizado e as preferências já consolidadas em definitivo, sendo pequena a percentagem ainda indecisa e também relativamente pequeno o número daqueles que votarão no “terceiro homem”.

Nós não somos políticos, como todos sabem. Apenas observadores e isto por ciência de oficio. Mas como “focas”, temos nos preocupados em auscultar a opinião do zé povinho. E podemos então dizer, que o acôrdo político há pouco divulgado, de apôio de PDC no PSP, posteriormente inutilizado com a renúncia de Simonato ao cargo de vice-prefeito na chapa Tatá, modificou completamente o panorama de previsões eleitorais em nosso município. A candidatura do “terceiro homem”, se conservada, representará, sem sombra de dúvida, um “handicap” para o candidato Léo. O eleitorado dividiu-se, após essa infeliz decisão do deputado Fernando Mauro, cujo prestígio pessoal e político, sofreu decréscimo no segundo qualificatório.

Temos sondado a classe dos motoristas, a fação mais fiél, eleitoreiramente falando, ao deputado mariliense. E constatamos, pela maioria das conversas que ouvimos, que essa classe, que sempre foi unida, não acompanhará o deputado-médico no pleito de 4 de outubro! Subentende-se, é claro, que os votos da classe dos profissionais do volante, não serão consignados ao candidato adhemarista local.

Se a candidatura Simonato fôra lançada no início do movimento político local, conforme era esperado, não temos dúvida alguma em afirmar que o policial mariliense teria se constituído num “osso duro de roer” para os próprios Léo e Tatá. Agora, entendemos, o caso é diferente. Nem mesmo com o colegiado eleitoral anterior poderá contar com absoluta certeza o Sr. Octavio Siminato, pelo que pudemos perceber. E isso dizemos, tendo em vista as manifestações ouvidas, por parte daqueles que sempre foram partidários do escrivão de polícia, hoje bandeados para outro nome.

Houve a existência de um acôrdo que se tornou infeliz para o médico-deputado, porque encontrou uma repercussão contrariamente inesperada. Se o Sr. Octavio Siminato e o deputado Fernando Mauro não sabem disso, pódem agora ter a certeza. O colimado pelo conchavo político citado, entre PDC e PSP, surtiu efeito negativo na massa eleitoral.

O lançamento do “terceiro homem”, principalmente o que serviu de “pivot” desse acerto, tornou-se, em face disso, como dissemos, extemporâneamente e de possibilidade duvidosas, eleitoralmente falando.

Extraído do Correio de Marília de 6 de agosto de 1959

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