Mera coincidência... (22 de agosto de 1959)


Dois assuntos distintos, de aspectos completamente antagônicos em suas finalidades específicas, polarizaram as atenções dos marilienses nos últimos dias.

Ambos os motivos são de interesse publico, resguardadas as respectivas distâncias, efeitos e colimações entre sí. Os objetivos são diversos, as constituições, idem. Relacionam-se com o publico mariliense e isso é o quanto basta e o suficiente para justificar as razões desta crônica.

Referimo-nos à Associação Atlética São Bento e à Câmara Municipal de Marília. E o fazemos indecisos quanto a qual núcleo tem sido mais improdutivo e mais decepcionante.

O São Bento e a Câmara Municipal, estiveram no fóco dos mais desencontrados comentários públicos dos últimos dias.

Os chamados “erros do São Bento” foram abordados, esmiuçados, “estudados” meticulosamente. Providências de solução foram esboçadas e ultimadas. Pelo menos, existiu atenções e houve interesse. Medidas objetivando solucionar o “impasse” foram adotadas. Amanhã, espera-se, surjam os primeiros resultados.

Mas... e a Câmara? A edilidade mariliense continua “dando a nota”. E, distoante, diga-se de passagem. Depois das férias do primeiro semestre do ano em curso, esperava-se que o Corpo Legislativo reiniciasse as suas atividades, de maneira leonina. Era de se aguardar tal fato, tendo em vista o volume de coisas importantes que se encontravam (e se encontram, é claro), nas dependências de apreciação e discussão.

Mas a maioria dos vereadores não percebeu ainda isso. Está tão improdutiva e displicente quando o São Bento nos últimos jogos de campeonato.

Está mesmo, a exemplo do “alvi-rubro”, uma “gracinha”!

Dia 6 último, a edilidade deveria ter-se reunido pela primeira vez neste último semestre do ano. Não aconteceu tal efetivação, porque, dos 21 vereadores que deveriam comparecer ao plenário na hora regimental, apenas dois o fizeram, excetuando-se o presidente!

Na quinta feira seguinte, dia 18, houve número de presentes, mas, à rigor não houve sessão plenária. Um requerimento perfeitamente dispensável (e desnecessário em face da celeuma que ofereceu na ultima sessão de pré-férias), “acabou” com a sessão, apenas iniciada.

Esperava-se que duas vezes constituísse o suficiente (e o máximo) para que tais irregularidades fossem “oferecidas” aos marilienses. E, em consequência, tinha-se antecipadamente como certa (e produtiva) a sessão que deveria ter sido levada a efeito ante-ontem, dia 20.

Mas tal não aconteceu.

Novamente, o mesmo referido requerimento originou o truncamento da sessão, em detrimento dos interesses públicos.

Três sessões irrealizadas com uma série de assuntos no aguardo de soluções! A primeira, porque a maioria dos vereadores esteve empenhada em comícios eleiçoreiros, pensando em reeleição. As duas outras, estranguiadas por um méro capricho pessoal.

Daí, as justificativas que se ofereceram ao público, para que analise sem preâmbulos, essa incrível “mera coincidência” verificada nos últimos dias, entre a Câmara Municipal e a Associação Atlética São Bento!

Como sempre se responsabiliza o “técnico”, somos forçados a parodiar um comentário espontâneo, nascido por acaso aquí em nossa redação:

- Parece que o preparador sambentista e o presidente da edilidade apresentam muito em comum: falta-lhes maior severidade para orientar as “equipes”...

Extraído do Correio de Marília de 22 de agosto de 1959

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