Já surgiu um exemplo (12 de agosto de 1959)


Traduzindo o reflexo daquilo que escrevemos por duas vezes consecutivas, no tocante ao pretendido por um grupo de vereadores marilienses que aspira a remuneração dos respectivos mandatos, divulgamos ontem, um manifesto da União Democrático Nacional.

Foi um exemplo dignificante, exteriorizando pela UDN, que, assim, se colocou ao lado dos interesses pecuniários da própria municipalidade. E nem poderia deixar de assim acontecer, pois sempre vimos na referida facção partidária, uma plêiade de grandes líderes políticos.

Ficando o partido udenista em Marília, em contra-posição ao movimento que reputa aos inglório e anti-mariliense, veio formar, indiscutivelmente, ao lado de nosso ponto de vista, ao par dos interesses do município, junto aos interesses do próprio povo de nossa cidade. Entendemos nossas congratulações aos dirigentes udenistas locais, pelo passo firme tomado publicamente, numa demonstração de amor pela cidade e sua gente, com o desejo irretorquível de querer servir uma população, sem “meter a mão no bolso” dessa mesma população.

A atitude da UDN marcou a abertura de uma caminhada que deverá ser seguida pelos demais partidos marilienses. O exemplo foi dado, merece aplausos pelo espírito sadio e bem intencionado que ostenta. Esperemos agora, que, outros núcleos partidários da cidade, sigam esse exemplo edificante dos udenistas, dando provas também, que, acima de interesses de estômago, colocam os interesses de Marília e do povo mariliense.

Terão os demais partidos, a mesma altivez dos udenistas no caso em téla? Esperamos que sim, porque apesar de nos constar que quatro vereadores de quatro partidos diferentes são as cabeças desse movimento subterrâneo, acreditamos que não consigam interpretar o modo de pensar da maioria das respectivas facções partidárias.

Alegava-nos um vereador, um dia destes, que o município deverá pagar os trabalhos dos edís. Santa ingenuidade! O município só teria que remunerar os vereadores, se os contratasse! O cidadão se candidata se quizer, pois ninguém o obriga e desde que aceita a referida condição, deve fazê-lo sem intenções de fazer do cargo um “profissionalismo político”, a custa do erário público!

Não sabemos como a edilidade, por sua maioria soberana e absoluta, irá receber a proposição desse jaez, que já se encontra “na forma” para ser submetida ao plenário! Pena é que isso esteja cogitado para depois das eleições, pois se tal acontecesse antes de 4 de outubro, esses vereadores “golpistas” seriam conhecidos do próprio público eleitor e este não sufragaria seus nomes, a menos que fosse muito ingênuo, para votar em pessoas que estão interessadas em sangrar as economias municipais em quasi quatro milhões de cruzeiros por ano.

Já pensaram os leitores, quanta coisa útil seria possível fazer-se com esse dinheiro? Quantas escolas primárias, quantos metros de calçamento, quantos metros de rêdes de água e esgôto e quantas outras coisas mais?

Óra, se a gente já luta com dificuldades, suportaria o povo novos aumentos de impostos, para serem pagos os vereadores?

Gostamos do exemplo da UDN, que, esperamos, deverá ser seguido por outros partidos políticos. Pelo menos por aqueles que são dirigidos por bons e bem intencionados marilienses.

Extraído do Correio de Marília de 12 de agosto de 1959

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