Candidatos a Vereadores (13 de agosto de 1959)


Não há muito, quando os partidos políticos locais principiaram a cogitar a feitura da lista de nomes, para disputar a próxima vereança, escrevemos diversas vezes, sôbre a necessidade de u’a remodelação de valores em nossa Câmara Municipal.

Puzemos as coisas no devido lugar, em têrmos. Focalizamos, em comparação, o atual Corpo Legislativo da cidade, frente às estupendas atuações das legislaturas anteriores, especialmente a primeira, do após período de redemocratização. Sem rodeios, comentamos a inatividade de certos edis e suas incompetências como representantes do povo, embora fossem pessoalmente e fóra das atribuições legislativas, excelentes e benquistos cidadãos.

Nada dissemos de novidade, no entanto, porque até o menos arguto mariliense, desde que viesse acompanhando o transcorrer dos trabalhos da edilidade local, estaria ápto a concordar conosco.

São agora conhecidos, todos ou quasi todos os nomes de candidatos à futura vereança e urgente é o comentar-se, que, infelizmente, nem todos os partidos políticos foram felizes na escolha total de seus integrantes das chapas de aspirantes à vereança.

Verdade é que a própria Constituição Federal garante a qualquer cidadão, em pleno uso de sues direitos políticos, a faculdade de candidatar-se a um pôsto eletivo. Porisso, não iremos abordar, por desnecessário, a questão da legalidade dêsse fato. O que comentaremos, é a nossa admiração, pelo desleixo de alguns partidos políticos, ao incluírem em suas relações de candidatos ao pôsto de vereador, alguns nomes incapazes, intrinsecamente incapazes para legislar.

Neste caso, está o PTB, com a condição de “primus interpares”, apontando nomes, que, se eleitos, deslustrarão uma existente e já brilhante cifra do atual Corpo de Vereadores.

Ou o PTB está em crise de homens, ou está mais preocupado em algumas dezenas a mais de votos para a legenda, sem se incomodar em inutilidades pessoais de legisladores, como muitos dos que pretende enviar ao Poder Legislativo mariliense. Até semi-analfabetos são hoje em dia, candidatos à vereança, pela legenda do PTB. E justo numa ocasião quando deveriam os próprios partidos, fechar fileiras em tôrno da necessidade indiscutível de remodelar os valores da edilidade local.

Muitos candidatos, se conseguirem o coeficiente necessário às suas eleições, irão se expor ao ridículo na Câmara, pela falta absoluta de qualidade para legislar, interpretar leis, fiscalizar o erário público e as atuações do Poder Executivo, que são as precípuas funções do Poder Político. E o que é pior, enfraquecerão ainda mais o Poder Legislativo da cidade.

Se alguns candidatos dêsse jaez forem eleitos, o índice de moralidade e capacidade da Câmara Municipal, cairá vertiginosamente!

Podem essas pessoas, serem (como são), excelentes cidadãos, trabalhadores, bons chefes de família, dignos de bons exemplos e bons costumes. Podem até ser Santos sôbre a terra. Mas, convenhamos em sã consciência, onde é que está a “massa cinzenta” de determinados candidatos e de determinados dirigentes políticos de nossa cidade?

Isso já é “esculachar” demais, senhores. Marília não merece isso!

Os partidos devem, por amor à cidade e respeito à sua gente, preocupar-se não em servir melhor do que em votos de legenda!

Extraído do Correio de Marília de 13 de agosto de 1959

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