Uma virtude como poucas (18 de junho de 1959)

A caridade é uma virtude como poucas. Deixada pelo exemplo do próprio Filho de Deus, continua a demarcar átos dos que pódem e são possuidores de corações bem formados, dignos daquilo que se chama solidariedade humano.

É praticada sob diversos aspectos e fórmas entre nós. Existem até os que tiram proveito dessa condições, para fazer uma caridade de fachada, ocultando interesses terceiros, que chega a ser até ostensiva à quem a recebe. Claro é que nem todos assim praticam o aludido expediente, pois existem incontáveis proporções de pessoas que praticam o gesto da caridade humano, da maneira piedosa e verdadeiramente cristã como deve ser executada.

O povo brasileiro é caridoso por excelência, demonstrando sempre seu espirito de solidariedade humana. Basta chama-lo a colaborar com qualquer iniciativa de interesse social e beneficente, basta convoca-lo a solidarizar-se com a miséria do próximo e ele se fará presente incontinenti.

É uma graça divina essa que possuímos nós, os brasileiros. E inúmeras situações, temos dado sobejas mostras desse espírito de compreensão e colaboração com os necessitados.

Em Marília mesmo, temos exemplos frisante desse pormenor. Nós, especialmente, como elementos de imprensa, habituados por ciência e dever de ofício, a auscultar tudo, a procurar conhecer tudo, a “meter o nariz” em tudo o que ocorre na cidade, cientificamo-nos seguidamente das ocorrências desse quilate. E o que mais apreciamos nesses gestos, são as intenções daqueles que procuram fazer a caridade sem estardalhaços, sem publicidade, de maneira quasi anônima. Que praticam esse nobilíssimo dever cristão, da maneira que ensinou o exemplo sacrossanto, de que “a mão esquerda deve ignorar o que a direita dá”.

Entretanto, existe um outro número diverso ao das condições que estamos referindo. Existem os que fazem a caridade pública de maneira mais pública ainda. Que fazem questão cerrada (embora afirmem o contrário), que todos saibam, que tomem conhecimento do gesto. Gostam de dar ciência de átos desse jaez, para aumentar um suposto “cartaz” ou uma inexistente “personalidade”. Tais pessoas são fracas de espírito, antes de mais nada. Fazem comércio com a miséria humana, procurando tirar proveito, de uma ou outra maneira, de uma situação ou de uma desgraça – porque os que entendem a mão à caridade pública, que necessidade lógica e honesta, não são apenas infelizes; são mais do que isso: são desgraçados.

A caridade é uma virtude como poucas.

Se muitos a sabem respeitar ao pratica-la, porque sua prática exige respeito inconteste, não se olvidem que existem os que não sabem respeita-la, porque deturpam seu real sentido e verdadeiro espirito cristão.

Extraído do Correio de Marília de 18 de junho de 1959

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